quinta-feira, janeiro 04, 2007

Acabei 2006 em força - II - Serra de Grândola













Dia 27

Era finalmente o dia hà muito esperado para ir tentar fazer a cache "Nunca percas o Norte!", uma cache que prometia um bom passeio de btt pela serra de Grândola e um exercício interessante de calcular direcções com base em azimutes - um desafio interessante sem dúvida.

Tinhamos tudo combinado desde alguns dias atrás. Íamos eu, o Hugo (SUp3RFm) Silva e o Paulo Mateus (pmateus21). Um pouco antes da hora marcada, lá estava eu no Areeiro à espera do Hugo e, após uns 15 minutos, quando eu já estava a ficar preocupado, aparece ele a dizer que tinha problemas de saúda na família e que não poderia ir conosco. Primeiro contratempo desagradável e de lamentar. Desejadas as melhoras, iniciei a viagem até Setúbal onde ia apanhar o Paulo.

Chegado junto à casa dele, instalámos a bike no suporte, no tejadilho, e arrancámos para a parte final da deslocação até junto da Serra de Grândola onde chegámos pelas 09h00 sem grandes problemas.

Após os preparativos e arrumado o carro junto a outros, começámos a olhar para o ozi e a tentar determinar o caminho até ao primeiro ponto da multicache.

Logo nas primeiras pedaladas o Paulo nota que o ventinho nas orelhas estava bem fresquinho e nota que de bicicleta se sente ainda mais a deslocação do ar frio. É verdade. Nunca tinha notado!

Após começarmos a subir começo a notar a beleza do local; uma sucessão de arvoredo, relvado, cursos de água e um labirinto de estradas de terra pontilhadas por pequenos escorrimentos de água ou poças não muito extensas ou profundas. Um verdadeiro paraíso para a prática do btt ou, na minha versão mais light, geo ciclo-turismo! :-)

Apesar de alguns equívocos e paragens para sacar o pda e confirmar onde estávamos e se nos tínhamos desviado ou não do percurso decidido, lá fomos aproximando-nos do topo do 1º monte, sem que antes não nos tenhamos cruzado com uns caminhos agora mais enlameados porque a existência de inúmeras ribeiras ou cursos de água provocados pelas chuvas fortes de Novembro assim o determinava. A cada centena de metros que avançávamos íamos apreciando a natureza e trocávamos comentários de agrado. O ritmo das pedaladas não era grande porque o deslumbramento era enorme (ganda desculpa; eu é que estou ferrugento).

Também larguei alguns desabafos quanto à necessidade de realmente comprar um suporte para o pda que se adaptasse também à bike. Parar para tirar o pda e ler a posição e o caminho, não era nada prático até porque em algumas vezes tinha que inicializar o ozi por causa do toques que o pda levava quando estava no bolso e eu pedalava.

Finalmente chegámos ao primeiro ponto e após algumas fotos, o Paulo foi procurar a cache inicial enquanto eu ainda estava a duvidar de qual seria o ponto, ele já a tinha topado.








Mais fotos e abrimos a cache para obtermos a informação que nos iria fazer calcular as coordenadas do segungo ponto. Ambos tinhamos GPSrs com capacidade de projectar um ponto com base no azimute e na distância. Mas, sem o dizer achei preocupante que o Norte que era pedido era o único que os GPSrs não tinham nas opções de projecção de pontos.

Mas adiante. Fizémos os cálculos e até tivemos o cuidado de comparar o nosso destino imaginário com a posição do Sol para não termos que interromper as pedaladas para verificar a direcção de referência. Uma das melhores ajudas que o ozi nos deu foi o de adivinhar o melhor caminho para atravessar um riacho mais caudaloso. Entre subir ou descer montes, optámos por um percurso que nos leváva de volta ao carro e depois percorrendo alguns kms por estradas, íamos chegar ao local desejado de atravessamento, sem grandes percas de energia e tempo. Maravilha de Ozi e dos mapas!

Os nossos cálculos levaram-nos em direcção ao monte mais difícil até ao momento, que nos obrigou a carregar as bikes nas últimas centenas de metros da subida (eu porque não tenho muita pedalada e o Paulo Mateus porque tem uma bike velha e cansada e já estava a dar estalos no desviador da roda pedaleira) mas premiou-nos com a chegada junto à capela da Senhora da Penha que está em muito bom estado (exterior) e num local com um vistas agradáveis.






Fizemos um paragem para descansar, trincar umas barritas de energia, beber água e tirar fotos. Quando estava a olhar para o ozi para verificar o caminho ainda a percorrer, recebo naqueles mesmo instante uma mensagem engraçada do btrodrigues, outro geocacher amigo; 'o norte é para ali ->". Como SMS se sobrepôs ao écran do ozi, a setinha da mensagem ficou mesmo a apontar para o ponto que era o nosso destino.









Foi um momento hilariante (*). Entretanto o autor da cache também enviou uma mensagem a perguntar se estava a correr bem. Respondi informando onde estávamos a a distância que ainda faltava e e que iríamos seguir caminho. Ainda perguntou se o ponto calculado ficava perto de uma ribeira. Respondi que ficava no meio de duas. Pois, aquilo é só ribeiras por todos o lado.





Teminada a pausa, voltámos à estrada passando perto de uma quinta e dos seus cães barulhentos mas eram todos caniches e bastou falar com eles de frente para se calarem e ficarem à espera que nos afastássemos para começarem a ladrar outra vez.

Chegados a cerca de 50-70 m do primeiro ponto, começaram as dúvidas; o local não tinha nada a haver com um bom sítio para esconder uma cache que se deveria fazer essencialmente de bicicleta; o meio de uma ribanceira bastante íngreme, cheia de mato e bastante afastada de ribeiras e caminhos - mato mesmo. Decicimos então experimentar o outro norte; em vez do Norte magnético experimentámos o Norte verdadeiro e lá nos dirigimos para um local que se nos parecia mais promissor. E a busca começou. Mas a desilusão também. É que a desconfiança já era grande; Norte cartográfico nas instruções e o GPSr não nos dava esse Norte, Depois andar a mudar de Norte e agora a procura intensiva não ajudava. Então o Paulo lá disse; "quem não tem cão caça com gato" e leu a dica. Nova procura, agora em locais que correspondessem à dica e nada. Entretanto vem nova mensagem do autor a perguntar se estava tudo bem e eu dei a nossa posição mas pedi-lhe que não nos desse as coordenadas (Purista...) que ele já estava a dispôr-se para dar. Veio a confirmação; andávamos completamente desnorteados... Estávamos a 1 minuto de diferença nas duas coordenadas. No momento não me lembrava quanto representa em metros um minuto de coordenadas geográficas mas agora já consultei os livros que tenho e minuto é igual a ...1850 metros! É como se nos tivéssemos enganado no ponto cardeal; ir para Norte em vez de ir para Este. Mas na altura não se sabia quanto era um minuto e alargámos a área de pesquisa para procurar em locais parecidos com o descrito na dica. Foi quando dei conta de que uma das luvas tinha desaparecido nas operações sucessivas de triar luvas e pegar no pda para ver a posição no ozi.

Começamos a pesnsar em desistir (éram cerca das 14h00 e não tinhamos almoçado ainda). No caminho de regresso e, volto a repetir, como não tinhamos noção da extensão do erro, fomos verificando o que nos parecesse um local condizente com a dica até que, estando hà alguns minutos parados num caminho, a falar calmamente e sem grande barulho, aparece a cerca de 20 metros de nós, um casal de raposas a aravessar o caminho! Ficaram elas tão surpresas como nós. E enquanto nós ficámos alguns segundos sem reação, elas fugiram cada uma para seu lado; uma para a frente e outra para trás ficando, assim, separadas. Estávamos já de máquina fotográfica pronta, esperando que a raposa que fugiu para trás, atravessasse o caminho em corrida para se ir juntar com a outra, quando... ela fez isso sim, senhor, mas a alguns 1oo metros de distância lá mais para o fundo do caminho. Ficámos sem fotos das raposas... Foi então que o Paulo reparou que a zona estava cheia de sinais frescos de raposa; escavações, restos orgânicos. Os sinais eram mesmo recentes.

Ainda fomos espreitar a ribeira mais caudalosa que ali passava mas concordámos ambos que era capaz de ser "pata na poça" por diversas vezes e decidimos voltar para trás.













O passeio de regresso não deixou de ser agradável - mesmo apesar de não termos dado com o local da segunda cache - porque toda a serra de Grândola parece ter saido de um filme quanto à diversidade e beleza da sua flora.

Chegados ao carro e arrumadas as bikes, almoçámos as nossas buchas e iniciámos o caminho de regresso.

Ficou a grande vontade de regressar, agora com o "equipamento" sugerido na página da cache, satisfeitos e seguros de que fizémos a melhor opção ao recusar ajuda externa.

(*) agora já sei porque não encontrámos o "norte": fomos induzidos em erro pela sms!

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Acabei 2006 em força - I - Chança e Guadiana

Já tive diversos hobbies mas acho que nunca estive tanto tempo e tão dedicado a nenhum deles como estou agora com o geocaching.

No final de 2006, que foi um ano complicado no trabalho, levei a cabo uma série de intervenções que tinha em mente hà uns tempos.

Essencialmente, fazer manutenção de algumas caches minhas e colocar uma (que acabou por ser duas) que tinha planeado hà mais de um ano. Mas também procurei.

Começou no dia 26, logo a seguir ao Natal.

Tal como hà uma ano atrás em que fui criar a Os Calvários desta vez fui fazer manutenção porque havia logs a reportarem problemas.

Era para me levantar pelas 4h00 mas algo me acordou pelas 2h30 e não consegui dormir mais. A excitação de ir "perder-me" em volta da Ribeira de Chança era enorme e acabei por me levantar mais cedo do que tinha planeado. Desta vez levei o "Snoopy".

As caches intermédias nr. 2 (tinha desaparecido) e a nr.3 (estava húmida) precisavam mesmo de manutenção e afinei as coordenadas também da última, a final.

Mais uma vez foi um passeio muito agradável, agora com a companhia do "Snoopy" que andava deslumbrado pelo passeio junto à ribeira - ele que é um "cão d'água".





Na parte final, apanhei um grande susto porque, ao longe quando regressava, vi dois carros perto do local onde tinha deixado o meu e não conseguia ver o meu carro. Queres ver que?!... Comecei a acelerar o passo pelos montes e vales (literalmente) em direcção ao ponto de partida para chegar rápidamente mas, acerta altura comecei a ver o meu carro e descansei (Estava já perto da cache nr. 1) mas, ainda assim, fiz os possíveis para que me vissem para que não julgassem que o carro estava completamente abandonado.

Assustei-me a valer com a ideia de ficar sem carro, com o cão à minha responsabilidade e a mais de 200kms de casa...

Ainda na cache inicial, encontrei um log inesperado mas algo engraçado;

22/7/06
Não há livro. nem lapis
assino aqui
Pancinhas, Irene e Zé
Deicho - lápis
Não somos Nabos


Isto, numa embalagem de sementes de ...nabos. Uma das mercadorias que eram contrabadeadas eram víveres, sementes, etc.... e como a cache é dedicada ao contrabando de outros tempos, achei apropriado deixar algumas saquetas de sementes espalhadas pelas 4 caches.








Enfim... alguém que não percebeu o que significa uma multi-cache e que não gostou de ver as sementes de nabos. Como não fez o log na net e nunca vi o login deles, receio que esta minha cache os tenha afugentado...

Chegado ao carro, fomos comer nas mesas que existem por ali e que servem de local de festa onde parece haver ementas ...esqiuistas.
















Quando saí da zona, ainda olhei para o pda para ver se a cache do pcardoso, em Mértola, Return of the Moors, tinha tido como último log um "not found" para ir lá verificá-la. Mas não, era um "found" e não reportava problemas. Segui para Norte.

De seguida, dirigi-me para a Pulo do Lobo para fazer o que eu pensava ser apenas uma visita de verificação por causa do último "not found" e acertei; a cache estava lá e em muito boas condições, considerando que está lá desde 2002 (está num local em que não apanha nem chuva nem sol e só mudei o saco exterior).

Ainda fui mostrar o "Pulo do Lobo", própriamente dito, ao "Snoopy" e ele agachou-se todo com medo que eu o atirasse lá para baixo. O local, com a s quedas de água estrondosas, impressiona até um animalzinho.








Objectivo do dia cumprido e comecei a olhar para o relógio, para o percurso de regresso (fazer cálculo da hora de chegada no CoPilot) e decidi ir tentar procurar uma cache que não estivesse muito desviada do caminho.

A escolha recaíu na Ecopista Beja - Moura.






Um local interessante pelo passado que evoca, uma paisagem de rio lindíssima (mas eu já estava um pouco cheio de rios naquele dia) e uma ponte em ruínas a dizer; "vêm... vêm... vêm..." Mas eu não sou o clcortez e não fui. ;-)

















Fui para casa.




No dia seguinte iria levantar-me cedo outra vez para me encontrar com um geocacher (SUp3RFm) no Areeiro às 7h00.

PS: mas quando é que eu escrevo o "meu próximo post"?

terça-feira, dezembro 12, 2006

Sim, Carolina...

Não era para ser este o meu próximo post... mas este assunto do livro da Carolina já começa a ser demasiado importante para ser ignorado. E é isso mesmo que estes assuntos não poderão ser mais; ignorado pelas autoridades. O Apito Dourado surgiu porque deram porrada num político. Exageraram. Mas antes disto, muito apitos de outras cores houveram que foram abafados por quemtinha responsabilidade de fazer andar os processos ou arquivados como resultado da "greve de zelo" em que a classe judicial anda hà dezenas de anos como vingança de não ter as regalias que deseja do poder executivo. A Carolina poderá aparecer "um destes dias" , que é como quem diz, daqui a uns anos, morta num beco qualquer. Mas aprecio-lhe a coragem. A partir de agora já não hà mais margem para este caso ser abafado ou demorado até que os prazos legais expirem. Já está demasiado publico. E, estamos todos, seja qual fôr a nossa posição sobre o assunto (leia-se côr clubística), com os olhos postos neste caso. Sim, Carolina... acabaste de fazer mais pela dignificação da Justiça do que os próprios Magistrados. É que eles agora têm que se mexer.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Cheque à Banca?

Uma das coisas que me agrada mais no Orçamento de Estado para 2007 (talvez uma das únicas) é que finalmente a Banca vai pagar um pouco mais do que até agora. É sabido, através do media, que a Banca portuguesa tem passado nos últimos tempos por um período de grande crescimento e lucros, que é o sector de actividade económica mais rentável e, segundo comentários dos especialistas, é uma das Bancas mais poderosas da Europa. Como cidadão sujeito às Leis fiscais deste país, não gostei nada da reacção do responsável máximo da Associação de Bancos Portugueses quanto à obrigação de taxar os dividendos distribuídos através de representações em Portugal - "os Bancos sabem como fazer para pagar menos impostos" - indiciando que os Bancos vão passar a deslocalizar essas operações para agencias/representações no estrangeiro nem à recente determinação do Governo quanto ao arredondamento dos juros, que era feito em benefício dos Bancos - "a diferença é que vamos reflectir essa nova realidade na negociação das taxas". Agora, com a notícia de que vão passar a pagar impostos mais equiparáveis aos outros sectores da actividade económica, começaram a hostilizar o Governo e os Governantes - "São arrogantes e populistas na maneira como comunicam as decisões". Ninguém gosta de passar a pagar mais do que estava habituado, mesmo que o que estava habituado a pagar fosse perfeitamente abaixo do que é normal nos restantes sectores.... E por mim, ainda pagavam mais; parece que foram perdoados de pagar determinadas verbas ao erário público porque este Governo não teve a coragem de os fazer pagar o que deviam - "A Banca estava a agir de boa fé", disse um Secretário de Estado para justificar a isenção... Eu também gostaria de não pagar alguns dos meus impostos. De boa fé, também... claro.

domingo, novembro 05, 2006

Inconciliáveis?

Desde hà muito tempo que reparo na difícil coexistência entre a salvaguarda e protecção da natureza com a defesa/manutenção das condições de vida e de sobrevivência económica das populações. Os casos mais recentes são o acordo para a construção de 3 fábricas da IKEA na zona de Paços de Ferreira. Óptimo investimento e muito oportuno agora que o investimento estrangeiro parece estar a fugir de Portugal para o Leste (não sem antes ter mamado os incentivos ficais). Só que essa construção das 3 fábricas parece que vai ser feita em zona de paisagem protegida, assim definida pelo PDM local. Segundo ouvi, a IKEA não conseguiria construir fábricas em zonas de paisagem protegida na Suécia nem em outro país civilizado... Contentes pela economia, tristes pela natureza. Mais recentemente, alías hoje, ouvi um popular de uma povoação na periferia de Santarém queixar-se, em consequência das cheias que assolaram a zona por estes dias, que a culpa é dos ambientalistas que os denunciam e multam por andarem a limpar o mato nas ribeiras e não os deixarem fazer nada e agora eles que viessem ajudar a limpar as casas (cheias de lama) e pagar os prejuízos. Contentes pela natureza, tristes pela condições de vida e subsistência das povoações... Será que tem que ser sempre assim? Nunca se conseguirá conciliar a defesa da natureza com o bem estar das populações e boas condições para a economia? Confesso que me deixa confuso...