sexta-feira, abril 04, 2008

Pelas Rotas da Raia

Dia 24 de Março foi dia escolhido para a segunda tentativa de colocação da 'Rota do Contrabando'.

Como nos dias anteriores tinhas surgido a necessidade de fazer manutenção à 'Vale das Buracas' decidi fazer outra 'directa' e passar por lá.

É atemorizador o silêncio e a sensação de se "estar ali a mais" àquela hora da noite. Fiz a manutenção necessária e segui para Montalvão.

Pelo caminho fiz a travessia de 2 1/3 da largura de Portugal e ia sendo enganado pelo CoPilot que queria que eu viesse até à A23 para fazer um total de 203 kms. Vi a tempo o engodo, parei e pedi o percurso mais curto e então lá concordou comigo em irmos pela IC8 e fazer a festa por apenas 114 kms. :-)

Quando passei pela zona das Portas de Ródão, tive que esperar que o comboio passasse e reparei que a temperatura exterior estava negativa; -0,5. Brrrr!

Mais uns quilómetros e cheguei a Montalvão pelas 07h00 e tomei o pequeno almoço.



Depois disse 'olá' à árvore com a qual tive a 'história' do dia 15 e iniciei caminhada todo abotoado porque a temperatura ainda estava abaixo dos 3º.

Ia decidido a seguir em direcção à Fonte da Bica para ajustar a localização da cache, fazer uma reportagem fotográfica e recolher coordenadas fiáveis e depois fazer o percurso PR7-Entre Azenhas completo.

Um pouco mais adiante as ovelhas ainda dormiam mas o Sol brilhante prometia um dia agradável.

Na Fonte da Bica fiz o que pretendia e ainda um grande CITO (vestígios da passagem da 'IX Rota do Contrbando') para limpar a área deixá-las mais agradável a quem ali fosse.

Iniciei então a procura dos trilhos da PR7 e ainda dei com umas colmeias agitadas e algum mato grosso, dando comigo a pensar; 'tenho atracção pelas silvas e pelo mato cerrado...' enquanto progredia com alguma dificuldade. Mas mais adiante lá dei com o trilho, estudei-o no Ozi e consegui determinar o ponto de ligação entre aquele percurso e o caminho para a cache para que outros não tenham que andar a dar a cara às silvas e às giestas como eu dei. :-)

Segui então em direcção a um dos pontos de destaque , a Azenha do Artur, já junto ao Rio Sever, tirei algumas fotos e aí iniciei a melhor parte do percurso; cerca de 4 kms sempre por uma vereda salpicada por algumas sombras, nascentes de água, pontos de pesca e duas Azenhas. Tudo lá em baixo, juntinho ao Rio.

Mas como ainda não tinha acontecido nada de 'estranho' nesta deslocação, foi este o momento de algo surgir; apanhei um cagaço que me fez subir uma árvore e começar a soprar com força o meu apito de sobrevivência; ia todo entretido pela vereda, tirando fotografia aqui e ali, apreciando os mil e um ângulos de visão para o Rio quando a certa altura ouço um forte rosnar/ladrar de um cão que, pela voz de adulto me pareceu ser de grande porte. 'Rotweiler!' Pensei logo. E vai de saltar para uma árvore que estava ao lado da vereda e subir alguns galhos para ficar a uma altitude segura, já a pensar para com os meus botões "vou passar aqui a noite...". :-) Pouco depois oiço o ladrar de um outro cão e algumas vozes. Tiro então o meu apito de sobrevivência e assinalo a minha presença, acompanhado de gritos "Alõ! Estou sózinho a percorrer este percurso pedestre! Posso passar? hà problemas com os cães?". Os cães agitaram-se mas as vozes sossegaram-me dizendo que podia passar à vontade e começaram a chamar os câes. Entretanto eles passaram perto de mim, sem me ver em cima da árvore, a ladrar para um estranho que não viam mas eu vi-os... e eram uns caganitos... um deles mais largo de peito e certamente o que emitiu aquele barulho que me assustou mas... enfim. :-)

Saltei da árvore e eles lá me vieram ladrar às pernas mas falei-lhes já com calma e segurança e caminhei em direcção aos donos, cumprimentei-os e disse-lhes que estava a percorrer o PR7. Eles estavam num dos pontos de pesca e pareceu-me que já tinham ganho o almoço. Entretanto os cães já me ignoravam como se eu fosse velho conhecido. :-)

Convidaram-me para almoçar com eles mas agradeci e segui em frente. Pouco depois passava por uma fonte e mais à frente a Azenha do Nogueira onde existe outra fonte (ambas com àgua).

Mais umas fotos e iniciei a dura subida. A meio encontrei um miradouro com um banquinho e um painel informativo e mapa da PR7 e foi tempo de dizer adeus ao Rio Sever. Muito agradável este rio que eu nem sequer sabia que existia.

Chegado a Montalvão, iniciei o programa remanescente que era visitar duas caches, uma do almeidara e outra dos Robordões.

Mas antes fui espreitar a Barragem de Cedillo e fiquei desiludido porque as estradas asfaltadas do lado de Portugal e Espanha estão interrompidas por um portao fechado - Sei que no dia da 'IX Rota do Contrabando' os portugueses vieram por lá mas deve ter sido combinado antecipadamente. É pena. Gostava de ter ido a Cedillo espreitar a povoação. Bem, fica para o ano quando tentar percorrer a 'X Rota do Contrabando'.

Dirigi-me então em direcção à cache 'Fisga do Tejo' e quando cheguei ao local escolhido para iniciar a caminhada, almocei. Como disse, não fiz o percurso como sugerido, apenas metade dele mas tive que vencer um desnível bem maior. No entanto, senti-me recompensado quando a certa altura vejo uma paisagem composta por montes verdes que se perfilavam a perder de vista e por cima deles um céu baixo salpicado de pequenas núvems brancas e eu parecia estar a uma cota algures entre o topo dos monte e o 'tecto de núvens'. :-) foi pena os montes estarem sob sombra porque das varias fotos que tentei, nenhuma me satisfez completamente...

Sobre o local da cache, as duas sensações que tive, ao chegar lá, foram o cheiro e o silêncio; cheiro a marezia - até parecia o Rio Tejo na zona da Foz e não a centenas de kms dela, no interior - e o silêncio só suavemente interrompido pelo cantar dos pássaros ou o abrupto levantar vôo das codornizes e de uma cegonha. Um momento de alta qualidade. :-)

Quanto à cache, não tive grande dificuldade de a encontrar (10 minutos com várias abordagens e as espirais possíveis naquele terreno) e consegui encontrá-la sem ler dicas nem ver fotos spoiler. Outra coisa que reparei foi nas coordenadas correctas e a não confirmarem o que hà tempos disseram de que as caches do almeidara têm normalmene um desvio grande por ele ter um GPSr antigo. Ou isto não se confirma ou naquela situação correu bem. Também, ali não hà estruturas arquitectónicas a prejudicar o sinal. ;-)

Depois, foi tempo de ...subir outra vez... ai as minhas perninhas.

Chegado ao carro introduzi as coordenadas da '3 toneladas de Ouro' no CoPilot e iniciei a deslocação. Aqui foi a grande barraca do CoPilot. Não conhece a estrada asfaltada que vai até uma povoação a 4 kms da cache e do Rio Tejo e então enviou-me para Vila Velha de Rodão e depois queria que eu atravessasse o rio tejo pelo ar, num local onde não havia ponte (imagine-se uma linha recta a partir do sopé do penhasco onde está a 'Far away, so close' para a outra margem do Rio. Era isso que o CoPilot queria que eu fizesse...

Bem, deu-me oportunidade para tirar uma bela foto mas tirou-me vontade de fazer um post aqui neste meu blog sobre o CoPilot 7. Não faço publicidade a um programa que continua a apresentar falhas ridículas como esta.

Insisti em ir pelo lado correcto e ao passar na estrada que ele devia conhecer, ignorou-a e em resultado fui parar a uma outra aldeia mais a Sul e a ter que percorrer cerca de 15 kms por uma estrada de terra batida em muito mau estado.

Mas pelo caminho ainda dei de caras com uma situação engraçada; uma placa/aviso a pedir para os srs. caçadores não caçarem os porcos mansos. Parece que por ali, às vezes os caçadores disparam sobre o que fôr que apareça à frente, nem que seja porcos mansos dentro de uma propriedade vedada...

Chegado ao local da cache dos Rebordões, a sensação mais forte foi a satisfação por pela primeira vez ver as Portas do Ródão de uma perpectiva diferente e bam agradável.







Depois foi a curiosidade histórica dos vestígios da exploração do outro naquele local - não fazia a mínima ideia. Por é, os 'Romanos são loucos' mas levaram-nos o ouro todo...

Qaunto à cache, como estava já com cerca 16 kms nas pernas, não 'quis' perder embalagem e embiquei em direcção ao cais fluvial e estacionei o carro (ao som do ladrar dos cães por ali perto) e só depois reparei que estava a mais de 400m da cache. Nada de especial. Vamos lá. O problema é que parte desses metros foram a saltitar sobre os montões de seixos que os Romanos deixaram ali. Era engraçado o eco que faziam quando caminhava sobre eles mas já não achava graça à eventualidade de torcer um pé porque eles moviam-se para todos os lados. Bem, aventura passada e lá venci as poucas centenas de metros e cheguei ao 'montinho maior'.



E assim acabou um dia de 19 horas onde caminhei por 3 rotas da raia; 'PR6-Entre Azenhas', 'PR7-Rota dos Açudes' e 'PR4-Trilhos do Conhal', visitei três caches e coloquei uma nova. :-)

Mais fotos, aqui.