terça-feira, fevereiro 24, 2009

Fiz um filho, escrevi um livro e plantei uma árvore...

Há uns anos, quando deflagrou o grande fogo na Serra da Estrela, fiquei consternado com os danos causados à Natureza. Agora tive, na excelente iniciativa de um casal de geocachers, os Blue Trekkers, a possibilidade de ser consequente com as minhas convicções e ajudar um poucochinho a Serra que tanto me deu.

O Evento chamou-se "Um Milhão de Carvalhos para a Serra da Estrela".

Levantei-me pelas 04h00, saí de Lisboa pelas 5h00 e apanhei o FTomar perto do Entroncamento pelas 06h00.  Ás 08h20 estávamos no local de Evento e como tinhamos tempo, ainda fomos tentar visitar a cache do clcortez, "Covão da Ametade" mas estava muita neve e ao 6º 'afundanço' desistimos e fomos esperar que o 'acampamento' do Covão acordasse. Começaram a surgir os geocachers e após as apresentações fomos inscrever-nos. Parece que afinal não era carvalhos mas pinheiros e bétulas e ainda por cima, falaram de termos que levar as árvores e as ferramentas às costas. Onde é que já se viu!? Prometi logo um chinfrim nos foruns por ter sido enganado.  ;-) Juntaram-se a nós outros grupos (NAV? e Escuteiros da Covilhã, um deles vestido com bermudas para caminhar na neve...) Começou a caminhada que o que a gente quer é dar às pernas por vales e montes, seja no Gerês, seja na Estrela, seja na Arrábida ou onde calhar. "Os calcanhares das botas à frente!" avisava a Teresa quando começaram as descidas na neve, fofa e matreira em alguns locais.  Chegados ao local da plantação, foi tempo de ouvir o 'briefing' de como plantar pinheiros e bétulas num evento de plantação de carvalhos. Ouvimos e começámos a trabalhar. Éramos muitos e parece que plantámos as 300 bétulas e 40 pinheiros que estavam destinadas para o dia. Que mais dizer? Quando se conjuga uma bela caminhada pela Serra da Estrela, uma acção benemérita em favor da Natureza, com um excelente dia de sol, uns bons bocados de neve que nos dá para apreciar a caminhada específica deste meio, mas sem entrar em perigos desnecessários, mais uma bela jornada de geocaching e uma excelente companhia? Não há palavras. Fica a emoção e a memória deste belo Evento.

Depois do almoço seguimos para a "Vale da Candeeira".

E aqui está uma caminhada ao nível das que já fiz no Gerês! Não em extensão ('apenas' 7 kms) mas em dureza global, em satisfação pela caminhada, em beleza da paisagem e no sentir que se está a entrar em 'território' de quem gosta de abandonar o cachemobile e dar uso às pernas.  Adorei e esta é daquelas a que volto quantas vezes se proporcionarem, no acompanhar de outros colegas geocachers .  Tudo começou quando estava a tratar do pagamento do seguro para o Evento da plantação. Disseram-me que estava para sair outra cache. Fiquei na expectativa de ela ser publicada antes de chegar ao local e assim aconteceu. Depois do Evento e do fausto almoço na plantação, iniciámos a caminhada suportados nas indicações  verbais e escritas na carta 223 que a Teresa BT nos tinha dado. No início foi simples e fácil de seguir as mariolas - que aqui na Serra da Estrela ajudam em vez de baralhar como aconteceu noutros locais - e só se complicou em locais onde a neve cobriu algumas e tinhamos que adivinhar - ainda cheguei a tirar os binóculos para procurar a próxima mariola. Mas, mais bate-cú, menos 'afundanço' ou mais raids de skú, lá fomos progredindo em amena cavaqueira e risotas pelo meio.  Eu ia à frente com o bastão a apalpar a neve e lá conseguia identificar alguns pontos a evitar e noutros locais eram os 'afundanços' do Nuno BT, no dia anterior, que nos indicava que era melhor passar ao lado.  O companheirismo e entreajuda era assinalável; quando alguém caia, os outros tiravam fotos e riam-se.  Bem, chegados ao Vale da Candeeira foi a revelação da surpresa esperada; um belo vale escondido no meio da serra onde só se consegue ir a pé (ou de helicóptero). Uma vale mesmo belo, salpicado de neve por todo o lado e a prometer uma visão deslumbrante quando vier a Primavera.  Procurada a cache e estreado o logbook, descansámos um pouco e iniciámos o seguimento do nosso percurso. Atravessámos a Ribeira da Candeeira para o outro lado

e fomos visitar a 'casa do FTomar' que ainda não lhe colocou tecto mas já lá tem um colchão e portões.  Depois flectimos para Sul em direcção ao topo da Fraga do Vale Mourisco. O nosso destino era a Lagoa dos Cântaros para obter as indicações de que me tinha esquecido em 30/4/2007.  E os meus companheiros de caminhada ficarem também com o ponto inicial daquela multi-cache feito. A progressão foi difícil, as pernas cansadas do 'avança quatro passos, afunda um' obrigou os periodos de descanso enquanto se apreciava a paisagem.  Chegados à lagoa e enquanto descansávamos novamente, apreciámos quatro pessoas a escalar um paredão do Cântaro Gordo, a Oeste da lagoa e lá verificámos a cache (1º ponto da 'Cântaro Gordo') e fotografámos as indicações para se avançar ao 2º. ponto e 3º ponto noutro dia mais propício. Depois foi a descida até ao local da plantação (que se avista da Lagoa dos Cântaros) e, finalmente, até ao Covão da Ametade onde tinhamos calçado e meias sequinhas para regressar a casa, satisfeitíssimos pela bela jornada de Geocaching que os BlueTrekkers nos propiciaram.

No final do dia, enquanto me dirigia para casa, pensei; e agora?

Agora tenho que fazer mais 15 filhos e escrever mais 15 livros. :-))