domingo, novembro 15, 2009

"Rezas" de um geoevento

Folha branca, saco preto, prenda amarela,

Lápis azul, founds de tantas as côres!

Assim como todas os DNFs murcham,

Murchem todas as Irmandades!

Deu no heldesk,

Do helpdesk deu “incha! mais uma!”,

De “incha! mais uma!”, deu “one for the road”,

De “one for the road” deu “power trail”,

De “power trail” deu “cinco estrelas”,

De “cinco estrelas” deu logs minimalistas,

De logs minimalistas até ao tutano,

Do tutano deu no osso,

Do osso deu no nervo,

Dos nervos à flor da pele

Em notes, posts e pedidos de agradecimento,

Que se perderam em tanto arquivamento.

sexta-feira, outubro 30, 2009

As prioridades mudaram...

Eu sabia que, uma vez começadas as aulas, iria ter que mergulhar de cabeça no assunto.
Por isso andei a 'despachar' alguns 'projectos especiais' em termos de geocaching (a Rota dos Cântaros era algo que eu queria fazer muito, e há muito tempo) porque depois tinha que me aplicar.
Além do espectacular fim de semana 'fofinho' no Gerês, com os 'expedicionários' no início de Outubro, praticamente não fiz mais nada durante este mês do que estudar e trabalhar (bem, umas manutenções ainda foram saindo...).
Nos próximos tempos, a tendência será mais ou menos a mesma (GeoHalloween, Magusto no Gerês e um evento dedicado ao Natal e pouco mais farei) porque os estudos estão difíceis e eu devo ter os professores mais baldas de sempre - dão a matéria a correr e depois faltam ou cortam sistematicamente tempo de duração das aulas e o pessoal que se amanhe...
Até meados de Outubro foi complicado mas agora já me vou adaptando ao novo ritmo de vida.
Mas já anseio pela semana entre o Natal e o Ano Novo para fazer o meu raid solitário do costume (há já 4 anos que saio sozinho para colocar/manter caches nessa semana).

quarta-feira, setembro 30, 2009

Certificação RVCC obtida.

E prontos! A Certificação de Nível Secundário (12 º ano) do processo Novas Oportunidades (RVCC) está obtida! :-))
Fui hoje a Júri e não me engasguei - conversa tenho eu... ;-)
Agora, já me posso concentrar em exclusividade no curso de Informática de Gestão. E pela amostra que já vi nestas duas semanas, vai ser duro...
Mas, ficar em casa a ver telenovela ou a cascar nos offtopics no fórum já não me satisfazia... ;-)

domingo, setembro 27, 2009

Um exemplo que frutificou?

Faz em Outubro 2 anos que deixei de fumar. Já não tenho medo de dizer que festejarei essa efeméride porque já nem me lembro do tabaco no meu dia a dia. E quando me lembro dele é porque me está a incomodar.
Mas esta nota é para deixar o registo da esperança em que a minha mulher também irá conseguir vencer esta luta contra o vício; fez hoje 5 semanas que deixou de fumar - tal e qual como eu; simplesmente deixando de fumar de um dia para o outro.
Sei que ela também vai conseguir porque, tal como eu, já começa esquecer-se de que existe o tabaco e já começa a deixar de sentir aquela sensação de privação.
Força Mila!

terça-feira, setembro 08, 2009

Rota dos Cântaros com os rapazes

E prontos... muito mais depressa do que esperava, cá voltei... :-) Os rapazes ouviram o relato do passeio de 22/Ago e quiseram também...pois claro! Subir calhaus?! Vamos lá!

Aproveitei e procurei a 'Covão da Ametade' (já tinha tentado várias vezes chegar perto...) e fiz a manutenção da 'Cântaro Gordo'.

Desta vez regressámos sempre pela estrada porque ainda estou 'cheio' de mato. ;-)

O percurso no EveryTrail

As fotos

terça-feira, setembro 01, 2009

Crise de valores ou de identidade

Durante a fase de preparação para o exame de acesso +23 ao Ensino Superior desenvolvi vários textos sobre valores, sociedade, cultura, globalização e mass media e que, por me parecerem interessantes, e assim terem sido valorados, os partilho aqui. Foi uma fase de estudo e reflexão que passei durante largas semanas e este foi o resultado. No mundo actual existe uma enorme diversidade de culturas desde as mais avançadas, tendo em consideração que cultura abarca sociedade, nível de avanço tecnológico e bem-estar social, como nos países nórdicos e os anglófonos, passando pelos países moderadamente avançados como os da periferia europeia até aos países menos desenvolvidos ou os mesmos atrasados em termos de desenvolvimento como alguns países do continente Africano. Esta enorme diversidade de culturas ou sociedades manifesta-se igualmente nas características dos seus povos e nos seus usos e costumes dando imagem própria de cada um mas no essencial estes diversos tipos de sociedade dão, julgo eu porque nunca tive contacto directo com elas, também uma imagem das características humanas dos seus povos através de traços e pormenores próprios: abertura e descontracção nas sociedades mais avançadas, tendências fechadas, possessivas e subjugação dos elementos familiares diversos em relação ao chefe de família, nas sociedades mais atrasadas. Apesar, obviamente, destas disparidades, todas estas culturas e sociedades devem ser respeitadas nas suas especificidades e a condição humana dos seus cidadãos deve ser defendida. Aliás, este sentimento de respeitabilidade das sociedades e culturas mais atrasadas assim como da condição humana dos seus cidadãos é, em norma, mais e melhor entendida nas sociedades ditas avançadas ou médias do que nas próprias sociedades atrasadas. Os exemplos são infelizmente inúmeros mas refiro apenas dois: - os gastos com o aniversários do presidente Mugabe em comparação com o estado de subnutrição dos presos de pequeno delito nas pensões do Zimbawbe (notícias na TV em 3/4/2009, no noticiário das 20h00). Chocante. - a exploração selvagem a que as crianças dp Congo são sujeitas para extraírem o minério usado no fabrico de equipamentos electrónicos actuais, fazendo do Congo o principal país exportador deste bem precioso e, consequentemente, daí tirando enormes dividendos à custa dos mineiros escravos. No campo da respeitabilidade das características e especificidades próprias de cada cultura ou povo, não se deve esquecer, contudo, que esse respeito não deve permitir que tudo se faça ao abrigo da defesa dos usos e costumes de cada povo. Por exemplo, não se deverá permitir a um árabe que maltrate uma mulher ocidental porque ela anda na rua com a cara destapada Vivemos num mundo que, contrariamente à sua forma redonda, é muito heterogéneo quanto a condições de vida e de oportunidades dos diferentes povos que o habitam, Os continentes da América do Sul, África e o Sudoeste Asiático parecem ser as áreas do planeta onde as dificuldades são maiores e as desigualdades também, É, também, nessas áreas do globo que vivem ou tentam sobreviver a maior parte dos habitantes do planeta. Em termos gerais ¾ da população mundial não tem acesso ao conhecimento básico, como o saber ler e escrever, e isso contribui em muito para o seu atraso no desenvolvimento social e nas suas condições de vida. Em face destas realidades que são a pobreza e a falta de cultura, as questões morais oi de carácter tendem a ser secundarizadas e, desse modo, os valores a serem esquecidos. Não há condições para questões morais ou culturais quando a batalha mais premente é a da sobrevivência. Nas sociedades mais avançadas e nas organizações de apoio humanitário tenta-se consciencializar os responsáveis a não deixar diluir os valores e as características próprias destes povos ancestrais que são riquíssimos em tradições. Tenta-se simultaneamente alimentar o corpo e dar-lhes condições para que o espírito das novas gerações seja também alimentado para que as culturas e tradições de povos com milhares de anos, como os descendentes dos Incas, dos Maias e, visto recentemente na TV (televisão), dos Irahucas no Peru, poderem retomar os seus hábitos e tradições culturais. É um desafio da humanidade actual, o atenuar das desigualdades entre os que têm tudo e, quiçá, são pobres de espírito, e os que pouco ou nada têm mas são, em grande parte, herdeiros de riquíssimas culturas. Nas sociedades actuais onde o advento da transmissão de conhecimentos e de informação é, cada vez mais, instantâneo, assiste-se à tendência para se considerar a educação como um processo que decorre ao longo da vida devido ao desenvolvimento das sociedades de informação e de conhecimento. Esta nova abordagem da educação e do conhecimento é muito importante porque permitirá o aparecimento de novas gerações mais cultas e preparadas para os novos ritmos da sociedade. O sonho ou projecto de existir uma aprendizagem ao longo de toda a vida para todos tem a ver com a intenção de que seja possível disponibilizar um modelo de educação avançado e completo, para todos as pessoas dos países e sociedades menos desenvolvidas. No campo dos valores, com o avanço das sociedades em direcção à sociedade de conhecimento de novos valores ou conjunto de valores que tendem a descaracterizar as culturas mais antigas e a “uniformizá-las” com outras culturas e povos distantes. Será normal ver-se, nos dias de hoje, um japonês e um americano ou um francês e, porque não dizê-lo, um português apreender os mesmos tiques e vícios das comunicações “sms” (short message system), com o telemóvel, quiçá da mesma marca e modelo. Por fim, em relação aos valores assiste-se ao efeito de criação e reinvenção de novos valores e necessidades para as sociedades actuais em detrimento da manutenção e defesa dos valores antigos. Por exemplo, assiste-se nas famílias actuais ao cada vez menor hábito de se tomarem as refeições em conjunto enquanto se fala e convive em família para, em oposição, se assistir a conviver com a televisão e com os “messengers” electrónicos (programas de computador que permitem diálogos interactivos, escritos, através da internet) para se comunicar com os amigos. Não é pouco frequente ouvir-se dois jovens acabarem uma conversa presencial, dizendo: “depois falamos na net!”. Outro efeito das sociedades de comunicação instantânea a que assistimos nos tempos actuais é ao esforço das gerações mais antigas em transmitir valores e conhecimentos aos mais novos e verificar-se que a receptividade e aprendizagem destes últimos é inferior ao que foi transmitido, perdendo-se assim, gradualmente, algo de valores e conhecimentos na transmissão entre gerações. A humanidade actual tem um enorme desafio a enfrentar, para além da subsistência, que é o da preservação dos seus valores morais e riqueza culturais, especialmente a dos povos em maiores dificuldades. O desafio que se coloca é o de fazer face à erosão da diversidade de línguas e culturas. Para além dos povos referidos no texto anterior, não nos podemos esquecer dos povos da América do Norte, os tradicionais Índios que foram popularizados pelos filmes de “cowboys” mas que, na realidade, ou porque foram aglutinados ou porque foram maltratados, já quase não existem como povos ou sociedades com cultura própria. Mas nem só dos povos antigos e culturas tradicionais as preocupações da humanidade se devem ocupar: não nos esqueçamos das pequenas comunidades, normalmente de regiões específicas e mais afastadas dos grandes centros. Estas comunidades detêm traços culturais e, em alguns casos, linguísticos, muito próprios que devem também ser preservados a par das ajudas para a sua subsistência. Apenas um exemplo em Portugal: as comunidades em redor de Mirandela e o seu dialecto local, o “mirandês”. Em resumo, é necessário cuidar dos valores culturais dos povos em maior dificuldade e com um PIB (Produto interno bruto) mais baixo, de modo a preservar a grande riqueza e variedade de culturas que a humanidade ainda detém. Perante todas as considerações anteriores, poderemos estar, e em certa medida estamos, perante o risco da perda de valores. Mas, com a rápida evolução da Sociedade do Conhecimento e com a rápida disseminação da informação “online”, que permite que as réplicas do recente terramoto na cidade Italiana, Átila, sejam seguidas em directo na televisão, também devemos encarar a realidade de que os valores se vão transformando ou mudando e que novos valores vão aparecendo. Assim, um grande desafio é o da escolha de valores em face à grande diversidade de situações novas que ocorrem nas sociedades. Por exemplo, será um valor a preservar a nova maneira de contacto, a linguagem tipo “sms” tão vulgar entre a juventude actual? Por outro lado será positivo as pessoas estarem cada vez mais a isolar-se e a perder o hábito do convívio pessoal da conversa oral em detrimento da conversa, dita digital? É esta escolha de valores emergentes que deve ser feita pela sociedade actual, especialmente as mais avançadas em termos de informação e comunicação. Para este efeito a troca de conhecimentos é importante para a preservação dos valores e características dos povos e comunidades mais pequenas e sujeitas a influências externas. Os meios de registos actualmente disponíveis como por exemplo os registos audiovisuais e registos informáticos podem ser um precioso auxiliar na preservação desses valores morais e culturais e sua difusão e divulgação através dos mass media (meios de comunicação de massa). Os mass media ou os meios de comunicação de massa são assim designados porque se destinam a uma vasto número de receptores das mensagens ou comunicação que veiculam. Em oposição à comunicação individual ou directa que está presente ao diálogo directo ou por intermédio do telefone, os mass media têm um emissor, normalmente uma equipa de profissionais, e muitos receptores que podem chegar aos milhões. Os mass media mais conhecidos são: a rádio, a televisão, os jornais e revistas e os livros. Ultimamente, nas duas últimas décadas, apareceu um novo veículo de comunicação que incorpora algumas das características dos anteriores meios de comunicação de massa, a internet. Os métodos de difusão da informação são, na generalidade, a escrita nos jornais revistas e livros, a voz na rádio e a imagem e voz na televisão. A informação difundida pelos mass media pode ter duas grandes divisões: a notícia, mera informação, e a cultura se for desenvolvida e aprofundada quanto ao tema. Os mass media, além do papel importante que têm na difusão da informação e cultura, podem também ter outros papéis como o entretenimento e a influência sobre o público a que se destinam. Essa influência pode ser de carácter positivo, como por exemplo, educar as pessoas para correctos hábitos de cidadania ou pode ser de alienação das consciências colectivas levando o público a viver realidades que não são as suas e, assim, a esquecerem-se dos seus reais problemas ou a serem levados a consumir produtos de que realmente não precisam. Os mass media, porque dependem de audiências para sobreviverem tendem a canalizar a atenção dos seus públicos para os “produtos” que lhes dão mais rentabilidade. Assim, sendo um mal necessário e indispensável na sociedade actual, devem ser regulados e vigiados por entidades competentes para tal: os diversos Provedores dos consumidores. Os mass media são um dos principais facilitadores da globalização. A globalização caracteriza-se pela partilha, entre todos ou a maior parte dos países, do conhecimento, mercados, culturas, língua, informação, medos, preconceitos, paixões, etc… e, assim, a globalização, quanto à transmissão e difusão de valores, funciona ao mesmo tempo como um elemento facilitador (porque ajuda) da difusão e um elemento transmissor de influências externas que “contaminam” os valores locais. A pluralidade de valores e culturas representa o grande número que existe de povos, regiões e respectivas especificidades próprias a que se chama de “cultura” e derivando dos hábitos, costumes e crenças dos povos, resultam ou desenvolvem-se os chamados valores morais ou éticos de cada povo ou população com laços próprios. A crise de valores que se apregoa tem a ver com o efeito que a globalização provoca na difusão, disseminação e proliferação de valores provocando a que a sua mistura e dificultando a correcta identificação, por parte do indivíduo, dos valores que deve assumir e manter como seus. Esta crise de valores, acaba por se concretizar numa crise de identidade dos valores de cada um e um “aplanar” desses mesmos valores. Resultando dessa dificuldade de identificação dos valores e da sua manutenção, acaba por se assistir ao aparecimento da co-habitação de valores que poderão ser considerados contraditórios entre si e, assim, contribuir para a tal crise de valores que é, conclui-se, uma crise de identidade de valores.

domingo, agosto 23, 2009

A gosto de caminhadas e mato

Mas eu lá sei fazer outra coisa?

Comecei o mês com uma caminhada valente na Serra de Aire. Cache 'Travessia do Javali'. Esperava uma caminhada difícil mas não tanto. O problema principal, para mim, é a constante procura de local de passagem pelo meio da vegetação mediterrânica e dos lapiáses escondidos debaixo dela.

Depois, continuei a 'provar' mato na 'Vale da Lapa'. Chegou a ser deseperante tanto mato onde me vi metido. Isso não estragou o prazer da cache mas era desnecessário se houvesse mais informação -deixei nota. 

Embora tenha visitado outras caches pelo meio, continuei com a 'A Caverna'. Uma cache muito interessante, que abordei com o, para mim, espírito correcto, mas a que não consegui resistir à tendência de 'provar' o mato. O relato em dois actos; Um e dois.

Finalmente, a caminhada que estava pensada desde 2007! Não deste modo mas a ideia foi evoluindo e acabou numa óptima realização, na Serra da Estrela. Rota dos Cântaros e umas migalhas at EveryTrail

Map created by EveryTrail: Geotagging Community Mapa/percurso interactivo. Um percurso circular, começado e acabado no Covão da Ametade, onde deixámos o carro, e  continuado pelas caches; "Vale da Candeeira", "Cântaro Gordo", com filme, ("Covão Cimeiro" - aguardamos 'ok'), "Cântaro Magro", com filme, "Cantaro Raso", descida a corta-mato até ao Poio do Judeu, "Poio do Judeu", "Vale do Zêzere" e regresso ao carro, com enchimento da bexiga na Fonte da Jonja onde quase ia tomando banho tal o estado de desidratação em que já estava. Neste percurso, o mato foi 'provado', especialmente no Poio do Judeu e após a "Vale do Zêzere".

Durante um mês não quero mais mato. ;-)

quarta-feira, julho 15, 2009

Gerês Julho2009 - caminhadas e aventura

Dia 11/7/2009

'Caminhada solitária'

Há muito que gostava de fazer algo assim. A culpa é do 'almeidara' que andou no seu 'Tour insanidade' o ano passado e deixou-me cheio de inveja. Então, há umas semanas atrás, em conversa com um geocacher do Norte, surgiu a decisão: vou fazer um caçada de dia inteiro, sózinho no Gerês. Para pôr as ideias em ordem e arrumar as emoções. Estar em paz de espírito comigo mesmo.

O objectivo era começar na Cascata do Arado e seguir para 'My blue Lagoon', 'Rocalva', os dois pontos da 'Heart of Darkness', alto do Borrageiro, 'Prado do Vidoal', Portela de Leonte e, estrada abaixo até Vila do Gerês. Objectivo completamente conseguido.

Tinha obtido, previamente, licença junto do ICNB para fazer a caminhada em sossego, sem stress ou risco de ser multado ou, vá lá, sem o receio constante de encontrar um guarda florestal ou vigilante e passar por situações complicadas que de um passado. 

Comecei por pedir taxi para me levar à Cascata do Arado - o carro ficou de 'férias' de mim.

Em todas as caches deixei um carrinho para crianças e textos de Torga para adultos (ou será o contrário?) Assim, as crianças descobrem o encanto da procura de um 'tesouro' e os adultos redescobrem o encanto do Gerês, através das palavras de um dos contadores de histórias sobre o mesmo.

Depois, segui para a 'My Blue Lagoon' e fui 4 vezes à água. E era de manhã. 

Foi assim;

"

Chegado ao local, armei-me em Tarzan, tirei a roupa - já tinha os calçoes de banho vestidos - e lancei-me à água. Fui directo a um local e, sem óculos nem luz, não vi nada. Voltei para buscar os óculos e lanterna. Voltei ao mesmo local mas agora vi muitas teias de aranha e pensei; "se hà tanta teia de aranha é porque não andaram por aqui geocachers". Depois fui procurar noutro local e .... ..... ..... até que encontrei a cache pelas 11h30. Como queria logar nas calmas e escrever algo com conteúdo, trocar prendas, tirar fotos, etc.... levei a cache para o local base - a laje onde tinha estendido a toalha de ...rio. Depois fui outra vez ao banho para recolocar a cache. Não satisfeito, peguei no tripé e na máquina e fiz um filmezito (tem som) de como se deve apreciar esta cache, na minha opinião. 

No total, fui 4 vezes à água. :-) No final, ainda estive um pouco a secar ao sol antes de trocar ...os calções pelas cuecas - momento de alguma tensão, não fosse aparecer alguém mesmo na "Hora Coca-Cola" Zero.  Estive no local cerca de uma hora e entre banhos, leitura de logs, secagem ao sol, usufruto da paz e calma do local e mudança de roupa à pressa.... só posso dizer que é uma cache que fica na memória pelos melhores motivos. "

Depois, começou a caminhada a sério. Montanha acima até a Rocalva. É ver o perfil de terreno. :-)

"

A caminhada desde a 'My Blue Lagoon' foi interessante e exigente. Gostei especialmente de percorrer o vale da Carvalhosa no meio de tal silêncio e paz em comunhão com a Natureza, gostei do miradouro da Cabana Pradolã e de ter avistado a Rocalva ao longe pela primeira vez ao atravessar um campo de fetos daqueles que me lembram o 'Jurassic Park', quando os velociraptores aparecem - ainda olhei para trás algumas vezes.   A passagem a Oeste, onde se vê o Rio Fafião e a Varanda das Sombrosas (cuja cache já visitei), também foi um momento especial. Estar ali, sózinho, naquele percurso todo, sentir o peso e imponência que me rodeava... é uma sensação óptima.

Eu gosto de caminhadas em conjunto. Quem já me acompanhou sabe disso. Mas também gosto de, de vez enquando, ter estes momentos pessoais. O que se perde em convívio ganha-se em paz de espírito e desfrute da Natureza.

Depois, segui para o topo da Roca Negra, enquanto apreciava uma manada que pastava no prado da Rocalva e um cão me avisava, ao longe, para eu não me aproximar dessa manada. Tudo bem! ;-) "

Na Roca Negra:

"Vindo da 'Rocalva', virei a Sudoeste e fui ao topo da Roca Negra e depois ao ponto inicial desta cache e ao alto do Borrageiro. A caminhada já ia longa mas hà caches que nos deixam vontade de voltar. Esta é uma delas, sem dúvida. E como todos os pormenores tais como o ir ao ponto mais alto do Borrageiro.   Depois, foi começar a dar cabo dos joelhos e descer ao Prado do Vidoal, a geira romana até à Portela de Leonte e caminhar a estrada asfaltada até à Vila do Gerês. Quem corre por gosto... "

Dia 13/7/2009

A grande aventura geotauromáquica. :-)

E a maior aventura estava guardada para o dia extra no Gerês.

Apesar da grande caminhada no dia 11, ainda não estava satisfeito. Então, vi esta cache ...e que bela cache a julgar pela descrição e pela análise do percurso no Ozi!  Ainda estive para vir no dia 12 à tarde mas uma dificuldade de comunicação e o acabar tarde o almoço fizeram-me desistir e ficar no Gerês mais um dia. Excelente decisão. Demorei, desde que saí da Vila do Gerês até que voltei, 9 horas. Demorei, só na parte de caminhada, 5 horas. Mas não se assustem porque eu sou lento. Vejo os passarinhos, as nuvens, os montes, os bois (e eles a mim!). Enfim, desfruto as caches calmamente. Calmamente?! Já se verá mais adiante.  Cheguei ao local proposto para estacionamento pelas 08h20, onde deixei o carro, e comecei a caminhar. Dois ou três quilómetros adiante tirei o casaco polar. Mais um quilómetro, tirei a polo e fiquei em tronco nú o resto da caminhada. É que eu, quando caminho na montanha sózinho, tenho um problema com a roupa. Depois (agora) fico todo vermelho com umas tiras brancas nos ombros. Verry fashion.   Chegado lá acima, junto do ponto inicial, ia-me dando um chilique: tinha que subir a um cabeço que parecia o Gigante de Adamastor! Ok, bamos lá! No ponto inicial, ia tendo outro chilique; a chave não estava lá como era suposto... até que li uma nota deixada que indicava que a cache final estaria aberta... Bom, estivesse ou não, iria até ao fim e se não conseguisse abrir a cache e escrever no logbook, faria 'Note' em vez de 'Found'. Para mim, o que interessa são as aventuras e as caminhadas. Não a contagem de founds. E que aventura me esperava! Chegado à zona do ponto final, ia distraído a observar a paisagem e a pequena manada de gado bovino (manada Sul) que por ali estava a pastar - Ia com um olho na paisagem e outro nos bois... Até que chego a um promontório rochoso e após reparar numas ruínas de casa-abrigo a pedirem para serem fotografadas, reparo que a cache já tinha ficado 280m para trás e à direita... Bem, vamos lá tirar as fotos às ruínas e depois vou à cache. Fotos tiradas, subo novamente ao promontório e tiro mais umas fotos, agora à nova casa-abrigo, um pouco mais a Norte. Começo a ouvir o mugir algo inquientante de um touro ainda jovem mas perto de mais e a aproximar-se cada vez mais. Começo a observar, espantado, que o touro estava mesmo a dirigir-se-me e a olhar para mim. 'Tu queres ver...' Após alguns segundos, começo a dizer-lhe que só estou ali pelo 'Found'... mas ele olhava para mim e mugia para os outros que estavam à distância. Parecia que estava a chamá-los...  Depois afastou-se e foi ter com eles. Fiquei mais descansado até que, me apercebi  que o touro castanho foi mas é buscar reforços e que agora vinha lá a manada toda (manada Norte), com um touro branco, grande, à frente. Xiça! E eu que ando a controlar o colesterol! Aquilo é carne a mais para mim! Ainda por cima com ossos e tudo! Ála!  Meti a máquina na mochila, às costas (erro....) e fui correndo pela estrada por onde tinha vindo e escondendo-me nos arbustos para controlar a posição da manada Norte e a da manada Sul. Ou seja, eu estava entre duas pequenas manadas de cerca de uma dezena de cabeças de gado cada. Muita carne para mim, realmente! Mas não era só. Eu queria encontrar a cache e, se a chave estivesse mesmo lá, levá-la para o ponto inicial como é vontade da owner. Então, tinha que atravessar um prado em direcção a Este onde estava um boi grande e a caminhar calmamante para Norte mas a mugir em resposta ao chamamento da manada Norte. Parecia mesmo que estavam a dialogar; "Epah, viste por aí um geocacher em trajes menores? Esse desgraçado veio para aqui mostrar-se às nossas vacas!...".  O erro de ter guardado a máquina na mochila, é que não filmei a minha travessia do prado, com o touro grande (quer dizer, eu penso que é touro mas não fui lá espreitar....), à minha esquerda e a manada Sul à minha direita. E eu a correr pelas clareira e a esconder-me nos arbustos para verificar a situação. Até que cheguei ao sopé do monte onde está a cache e comecei a subir a correr. Não é que o gado não vá lá mas ali talvez eu seja um pouco mais rápido do que eles ...enquanto tivesse fôlego. Ou então escondia-me dentro da cache ...se encontrasse a chave.  Bom, é tempo de fazer o novo filme e, depois descansar um pouco e procurar a cache. A chave estava mesmo na fechadura... Loguei, deixei prenda (que pena terem-me acabado os textos de Torga...) e arrumei tudo.  Quando me preparava para ir embora, evitando os prados onde estava a manada Sul, reparo que o touro grande que estava no prado que eu tinha atravessado, vinha lá novamente. Pouco depois, vou embora, pela encosta Este do monte onde está a cache, de modo a não ser detectado pelas manadas. Terreno 3,5 mas era melhor assim do que ser 'toureado' por elas.  Regresso ao ponto inicial desta multi-cache e guardo a chave no seu local próprio, a cache inicial. Com tanta aventura, esquecia-me de observar a Natureza? Claro que não. Beleza, sem dúvida. Só fiquei estranho que a Roca Alta fosse aquele 'montinho de pedras' ao pé da cache e não o verdadeiro afloramento granítico que está a Noroeste da zona.

domingo, junho 07, 2009

Momentos

Hoje acordei com insónias. Bem, para dizer a verdade, há 3 noites que acordo pelas 4 e não durmo mais. Mas não é isso que me trouxe aqui.

Quando eu era moço, antes e após a tropa, um dos momentos do dia de que mais gostava era chegar a casa e, após o lanche, fechar-me no quarto às escuras, colocar um LPs dos Pink Floyd no gira-discos e sentar-me no velho cadeirão de madeira com os olhos fechados.

Cheguei a ter os LPs deles todos. 

Hoje lembrei-me de reviver esses momentos de hà quase 30 anos atrás.

Só abri os olhos para vir postar aqui.

Acabei de ouvir "When The Tigers Broke Free" (porque é que esta não dura 10 minutos?) e estou  a ouvir "Turning Away".

Daqui a pouco vou para Sintra cachar com amigos.

Com um nó na garganta.

sexta-feira, maio 29, 2009

A surpresa

- Cláudio, vamos fazer uma surpresa àqueles gajos e aparecer no Pocinho à espera deles?

- Por acaso já me tinha lembrado disso...

Prontos, não era preciso dizer mais nada...  nós os dois entendemo-nos bem.

Era só uma questão de obter as necessárias autorizações das nossa mulheres e preparar as mochilas e uns saco-camas para irmos por aí fora os dois, novamente. 

E foi giro.

Começou por andar a ajudar o Cláudio a carregar umas hortaliças da horta do Pai dele, aí por volta das 2h00, e depois "entrarmos" com o vsergio, através de um telefonema do Cláudio, onde ele fingia que estava para se deitar e tentava só saber os planos de viagem e garantir que o grupo não fazia uma viagem a mais entre o Pocinho e Barca d'Alva. Tudo isto conosco junto ao carro e preparados para sair.

Nós estávamos a cerca de 2 kms da casa do Bruno, ali ao lado do "contentor laranja", onde o grupo se juntava para partir o que deve ter feito mais ou menos à mesma hora que nós.

Pela caminho, na AE, ainda pensámos que seríamos "descobertos" em alguma Área de Serviço onde parámos mas tal não aconteceu. E às 6h59 estavávamos a desligar o motor do carro, no Pocinho. Arrumámo-lo de modo a não ser facilmente descoberto.

Depois foi esperar pelo grupo e ir enviando umas smss, ora a um, ora a outro, para tentar saber onde eles estavam, sem revelar onde nós estávamos. "Castelo Rodrigo found! :-)" diz-me uma sms do MCA. "Fixe! Bom passeio" respondo eu, do Pocinho enquanto desesperava à espera deles, dando a entender que estava em Lisboa, mas andava a passear na ponte da linha abandonada do Sabor.

Depois lá apareceu a Silvana que nos descobriu quando estávamos  a fazer os últimos preparativos das mochilas e, após cumprimentos e de saber que o grosso do grupo já estava em Barca d'Alva, fomos andando para a locomotiva onde esperaríamos por eles para os surpreender quando estivessem a ler os primeiros dados.

Pelo meio, houve fotos e espera da grande mas valeu a pena para ver a surpresa do grupo de Lisboa ao ver-nos aparecer de dentro da locomitiva. 

Houve muito momentos deliciosos, muita galhofa, entre-ajuda e vários episódios dignos de registo mas os logs são de quem visitou as caches. Só refiro um em particular e que deu nome à expedição; ao fim de várias horas de caminhada, com cerca de 2/3 da distância total percorrida e após logar-se e arrumar-se a cache no local,  o Bruno exclama - Só isto?!

Foi a gargalhada geral!

O resto do relato da expedição  fica para os visitantes às nossas duas caches, através dos logs que fizerem na "Na Linha do Douro" e "La Rúta de los Túneles". 

Por agora aqui fica a minha reportagem fotográfica.

É pena a vida não poder ter mais e mais momentos destes. :-)

terça-feira, maio 12, 2009

O meu sonho "Tio Patinhas" já não se realizará...

Aqui há umas semanas, houve um grande jackpot no totoloto e, como sempre, há um ou dois pensamentos mais íntimos que me passam de fugida pela cabeça, alguns deles, restos de sonhos de infância alimentados por carradas de livros de desenhos animados. Incontornável, é o mergulho na "piscina" de moedas "à Tio Patinhas". Se me saíssem aqueles milhões todos, cometeria a excentricidade de mandar encher a sala de moedas só para dar umas "cacholadas" na "piscina à Tio Patinhas".

Pois bem, caí na real.

Um destes dias, ao ler o discurso do Doutor Pedro Arroja, proferido no 23º aniversário da UAL, dedicado ao tema "A Situação Financeira Actual", fiquei elucidado para a realidade; mesmo quealguma vez tenha o "jackpot", nunca chegarei a ver todas aquelas moedas juntas no chão da minha sala.

Aqui fica grande parte do discurso que me dei ao trabalho de transcrever à mão, por me parecer tão elucidativo quanto à situação actual mundial como aos motivos da mesma e às perspectivas futuras.

(esta transcrição e a sua publicação neste blog pessoal, com as devidas referências, foram comunicados tanto à Secretaria da UAL como ao Autor que não colocaram quaisquer objecções)

"Depois da Crise – a Situação Financeira Internacional Eu proponho-me … tratar do problema em três fases: A primeira, as origens desta crise. A que é que se deve esta crise, como nasceu? Quais os factores que para ela contribuíram? Em segundo lugar, o que é que a crise significa, qual o impacto que elaestá a ter e que vai ter na vida de todos nós? Como é que a crise se manifesta do ponto de vista financeiro, do ponto de vista económico e, por fim, do ponto de vista da nossa vida diária. E em terceiro lugar, perspectivar os efeitos que esta crise terá nofuturo. Como é que será o nosso futuro? Quer a nível internacional, quer do ponto de vista nacional, genuinamente português. Como é queserão, por outras palavras, os próximos dez anos? Começo pelo diagnóstico: esta crise que desabou sensivelmente neste ano de 2008 sobre toda a economia internacional, mas com os sinais maisfortes, os desencadeados nos Estados Unidos e, agora, na Europa Ocidental, representa a convergência de vários factores que se foram acumulando ao longo dos anos, alguns têm já décadas, e que estavam destinados, de algum modo e algum dia, a produzir uma crise conclusiva como esta. Por outras palavras, estes factores estava destinados a juntarem-se como uma intensidade tal que a crise seria inevitável e possuindo grande intensidade. E esse dia chegou neste ano de 2008, com maior intensidade a partir de Setembro, inicialmente nos mercados financeiros, as bolsas caíram, entretanto, entre 40 a 50% - algumas até mais - mas as bolsas são mecanismos de desconto, elas antecipam aquilo que vai acontecer na chamada Economia Real: no nível de emprego, no PIB, nas empresas, etc. Esta segunda ordens de efeitos, os efeitos propriamente económicos, esses estão ainda no início. Estão agora a produzir-se já com maior intensidade, como é normal, nos Estados Unidos, tendo uma economia mais flexível normalmente dá também os primeiros sinais, e em segundo lugar, na Europa sob a forma do desemprego acrescido, sob a forma de dificuldades acrescidas de crédito, etc. Os dois principais factores que contribuíram para a crise são muito antigos e ocorreram em 1971, portanto há 37 anos. Foi a suspensão da convertibilidade do dólar em relação ao ouro e a alteração que então seproduziu no arranjo que tinha saído da 2ª Guerra Mundial e que era conhecido como o sistema de Brentton Woods, tratando-se do sistema monetário criado em 1946 com o acordo dos principais países, incluindo Portugal, e que basicamente consistia no seguinte: o dinheiro ou notas que nós utilizamos, no nosso caso era o Escudo, no caso dos Americanos, o dólar, só poderia ser emitido em exclusivo pelos respectivos bancos centrais.

No caso dos Estados Unidos, contra o ouro, quer dizer, o Banco Central Americano, chamado Reserva Federal, punha dólares cá fora guardando ouro, e isso significava que o montante de dólares que estava em circulação, nos Estados Unidos e no resto do mundo, tinham o correspondente valor em ouro nas reservas federais que eram mantidas no forte Knox.

Todos os outros países (Alemanha, Espanha, Portugal, etc.) emitiam as suas notas guardando as correspondentes reservas ou em ouro ou em dólares. O sistema funcionava, portanto, em última instância baseado no ouro: todas as notas que estavam em circulação tinham em última instância uma correspondência no ouro.

No caso dos dólares, essa correspondência era imediata. Quanto às outras moedas - como o escudo - uma vez que eram emitidas ou contra o ouro ou contra dólares, e os Bancos Centrais dos respectivos países podiam pedir à Reserva Federal americana a sua conversão em ouro, verificava-se que a emissão de notas por todo o mundo estava em última instância baseada no ouro.

A partir de 1960, e sobretudo com a administração Kennedy, os americanos decidiram adoptar políticas económicas expansionistas para aumentarem o nível de vida da sua população. Uma das mais célebres foi a chamada "Regulation Q", em que as taxas de juro eram fixadas arbitrariamente por lei abaixo daqueles que seria o seu valor de mercado a fim de permitir aos cidadãos americanos tomar mais facilmente dinheiro de empréstimos para comprarem casas, automóveis, enfim, melhorarem o seu nível de vida.

Ao mesmo tempo, os Estados Unidos estavam a financiar a Guerra do Vietname com pura expansão monetária. A primeira política levou a que muitos dólares acabassem na Europa, porque quem os tinha podia aplicá-los nos Estados Unidos, onde as taxas de juro eram artificialmente baixas, ou então podia aplicá-los na Europa, nos bancos, em depósitos, em obrigações dos Estados europeus, que davamrendimentos mais elevados (as taxas de juro eram mais elevadas). Então,um grande fluxo de dólares foi correndo nos finais dos anos 60 para a Europa, sobretudo para a Alemanha. Os bancos alemães recebiam esses dólares, trocavam-nos no seu Banco Central por marcos, porque, naturalmente, conduziam os seus negócios em marcos e não em dólares. O resultado foi uma acumulação extraordinária de dólares no Banco Central alemão, que culminou em 1961. Cumprindo as regras do sistema Brentton Woods, o Bundesbank pediu ao Banco Central americano que convertesse os dólares em ouro. Por outras palavras: "tomem lá os dólares e enviem ouro". Foi nessa altura que o Presidente Nixon se recusou a fazê-lo.

Os americanos tinham, de algum modo, violado as regras do sistema, tinham andado durante os anos 60 a emitir mais dólares do que o ouro que tinham em reserva, para lhes fazer face, obviamente sem dizer nada a ninguém. Quando finalmente tiveram de revelar que não tinham ouro suficiente para converter os dólares na posse dos europeus, sobretudo dos alemães, que assim o reclamavam, quebrou-se o vínculo da emissão monetária ao ouro. Cada Banco central passou a emitir as suas notas contra nada.

  O ouro perdeu o seu carácter monetário e a emissão monetária passou a fazer-se contra título de dívida pública. O Banco Central emitia notas, comprando títulos de dívida do estado, porque entretanto todos os Estados estavam em défice, precisando de dinheiro para se financiar. Basicamente, os Estados nacionais passaram a ir ao Banco Central, recebiam as notas, que eram produzidas pela máquina impressora, e entregavam declarações de dívida em troca.

Em suma, as notas passaram a estar garantidas por papéis.

Esse foi o primeiro factor.

O segundo, e decisivo factor, ocorreu no sistema bancário comercial.

Esta crise financeira começa por ser uma grande crise na banca e o segundo factor ocorre de forma paralela do seguinte modo: o negócio de um banco comercial, basicamente, é o de aceitar depósitos, guardar como reserva uma parte dos depósitos - eu vou supor que são 20% - e emprestar o restante. E o juro que cobra sobre os restantes, sobre os 80%, dá-lhe para pagar o juro que paga aos seus depositantes, que é mais baixo, deixa-lhe um diferencial, e é nesse diferencial que os bancos cobrem as suas despesas de funcionamento e geram um lucro. Evidentemente que um banco se torna mais lucrativo quanto menor for a taxa de reservas que tem de manter nos depósitos.

Se esta taxa for de 20% e esta taxa é fixada por lei, o banco pode emprestar 80% dos depósitos. Mas se a taxa for apenas de 5%, o banco pode emprestar 95% dos depósitos e, portanto, cobrar juros de 95% dos depósitos e ter mais lucros.

Existe, portanto, no sistema concorrencial e livre da banca, um incentivo a que, a prazo, as taxas de reserva que os bancos mantêm sobre os depósitos tendam a diminuir. E embora essas taxas sejam fixadas por lei, é inevitável que o sistema bancários e os banqueiros, com o tempo, tentarão influenciar os políticos para lhes permitir manter reservas sobre os depósitos ao nível mais baixo possível.

Antes de prosseguir, o ponto que quero evidenciar é o de que se todos os clientes forem ao banco ao mesmo tempo levantar os seus depósitos, o dinheiro não está lá. Na verdade, só lá está uma pequena parte para fazer face aos levantamentos normais.

Comecei por supor taxas de reserva na ordem dos 20% e, de facto, há 30 ou 40 anos essas eram as taxas de reservas que os bancos mantinham. Hoje as taxas de reservas para os países da zona Euro, incluindo Portugal, são fixadas pelo Banco Central Europeu, e são tão mínimas como 2%. É esse o montante que os bancos comerciais devem manter como reservas em relação aos depósitos - e só para depósitos à ordem -porque se forem depósitos a prazo as taxas são mesmo zero.

Por outras palavras: um depósito de cem pode ser imediatamente utilizado por um banco para um empréstimo de cem, o que cria uma situação muito curiosa. Basta que alguns clientes se agitem e vão ao banco reclamar os seus depósitos para que eles literalmente não estejam lá, o banco não tenha sequer um cêntimo desses depósitos e não lhe seja fácil - uma vez que os depósitos são aplicados em empréstimos a longo prazo, como o crédito à habitação - reaver esse dinheiro rapidamente para satisfazer os pedidos de levantamentos dos seus clientes.

Nalguns países, como a Grã-Bretanha, a taxa de reserva para todos os depósitos é zero, o que significa que os bancos podem emprestar literalmente tudo aquilo que recebem como depósitos, criando uma situação que pode ser dramática no caso de uma pequena quebra de confiança no sistema bancário, e que é a seguinte: basta que um pequeno número de depositantes, sobretudo se forem depositantes importantes para o banco, reclame o seu dinheiro para que ele não o tenha.

Esta é uma das características da crise financeira actual. Portanto, a redução das taxas de reserva obrigatórias, que nalguns países é zero, em Portugal como nos outros países da Zona Euro é praticamente zero, levou a uma situação em que qualquer abalo na confiança dos depositantes que os levasse ao banco em conjunto, mesmo num pequeno número, levantar os seus depósitos, produzirá um resultado inevitável: os bancos não tinham lá o dinheiro. Como é que surgiu esse abalo na confiança? Começou por aparecer em Setembro, com a chamada crise subprime.

O que foi a crise subprime? Basicamente, os bancos incentivados pelo processo da concorrência, têm interesse em emprestar, no limite, todo o dinheiro que recebem de depósitos.

E emprestá-lo a quem? Começaram por emprestar a clientes que tinham um bom ranking, clientes de baixo risco, ou pelo menos ricos, das classes alta e média-alta, que com elevado grau de probabilidade de que iriam pagar os empréstimos que estava a contrair. Empréstimo para comprar casa, às vezes para investir na Bolsa, para comprar automóvel, enfim, para os empréstimos que são concedidos pelas razões que nos levam frequentemente ao banco. Quando esse segmento de mercado dos clientes de baixo risco se esgotou, quando essas pessoas já tinham os empréstimos, e os cartões de crédito que queriam, a actividade bancária precisava de continuar a crescer.

Aos gestores dos bancos exigia-se, perante os olhos dos accionistas, que o negócio continuasse a crescer, que os números continuassem acrescer e então, tendo-se esgotado esse primeiro nível ou essa primeira massa de clientes, passou-se à segunda, àquela que já envolve algum risco. E quando se esgotar esta, o crescimento dos bancos passou afazer-se concedendo empréstimos àquelas pessoas que quem estivesse de fora podia razoavelmente dizer que essas pessoas não vão pagar os empréstimos que contraíram.

Existe em vídeo uma situação humorística descrevendo este processo: um negro do Alabama, nos Estados Unidos, está sentado à porta da sua barraca, desempregado, e um comercial de um banco passa e pergunta-lhe: "Olhe eu posso emprestar dinheiro para você fazer ou comprar casa." E ele muito admirado diz assim: "A mim? Que estou desempregado, já não tenho direito a nenhum benefício social, sou analfabeto e não tenho esperança de encontrar emprego, você empresta-me dinheiro?" E o banqueiro responde: "Empresto." É, evidentemente, a situação limite que um dia vai desembocar numa crise. Estes devedores de segunda qualidade (subprime) um dia vão deixar de pagar em massa os seus empréstimos aos bancos. E quando esse fenómeno aparecer nos jornais, que há empréstimos que os bancos concederam a clientes de alto risco que não estão a ser pagos, a próxima ideia que vem ao espírito do depositante é a de saber se o seu dinheiro está seguro.

E o passo seguinte é os depositantes começarem a correr aos bancos. E a partir do momento em que começarem a correr aos bancos, mesmo que as reservas fossem de 10%. rapidamente o dinheiro que os bancos têm para satisfazer os levantamentos dos depositantes fica esgotado. O restante, que representa a maior parte dos depósitos, está aplicado em empréstimos, muitos de baixa qualidade, outros de média ou alta qualidade, mas o facto permanece.

A partir deste momento, os bancos não podem honrar mais os pedidos de levantamento dos depósitos dos seus clientes. O banco está então numa situação de insolvência, se não mesmo de falência.

Este é o facto dominante desta crise financeira. A situação actual dos bancos é de insolvência generalizada. Se não fossem os Estados, a maioria dos bancos do mundo estava neste momento deportas fechadas e as pessoas estariam a fazer fila à porta de cada um para ver se conseguiam recuperar os seus depósitos. O que é que poderá acontecer a seguir, se as pessoas continuarem a fazer levantamentos e o estado, ele próprio, não tiver dinheiro suficiente para garantir os depósitos?

Neste caso só há uma solução: a emissão monetária. Porém, antes essa solução era fácil, bastando ao Estado ordenar ao Banco Central que emitisse notas por troca com títulos da dívida pública. Hoje porém, na Zona Euro, os Estados nacionais já não têm esse poder. Ele está agora com o Banco Central Europeu e exige uma solução concertada entre os Estados membros.

Eu penso que não chegaremos a esta situação extrema, embora exista já um país em que a crise, tendo em primeiro lugar confrontado os bancos, e tendo vencido os bancos, levou à intervenção do Estado. E, depois, o Estado foi incapaz de garantir os depósitos dos Bancos. Este país foi a Islândia, até ao ano passado o país mais desenvolvido do mundo. Portanto já não são só os bancos islandeses que estão em situação de falência técnica. Em consequência, a coroa islandesa desvalorizou mais de 50%.

Será que a crise vai vencer os Estados como aconteceu na Islândia?

Seria o pior dos cenários. Tal levaria a que os Estados tivessem que se concertar para emitir notas para injectar no sistema bancário em quantidade suficiente para permitir os bancos honrarem os depósitos dos cidadãos. O resultado seria uma hiper-inflação, mas penso que não é este o cenário mais provável.

O mais provável é o um cenário diferente e que se chama deflação.

Nenhum de nós provavelmente sabe, porque nunca a viveu, o que é umadeflação. Nós já vivemos períodos de inflação, em Portugal tem havido sempre inflação, seguramente desde que nós nascemos o que tem havido é inflação: aumento persistente dos preços. Nalguns períodos menos, como agora, noutros mais como nos anos 80 em que a taxa de inflação chegou a alcançar os 30%. O que nós não conhecemos ou vivemos é uma situação de deflação. Aconteceu a última vez em Portugal, como nos outros países daEuropa, durante os anos 20 e 30 e é uma situação de baixa generalizada e persistente dos preços, os preços caíram 20% entre 1925 e 1938.

A propósito dos anos 20 e 30, eu penso que a crise actual só em paralelo na Grande Depressão desse tempo e que será tão intensa ou mais intensa do que ela. A única diferença é que o nível de riqueza e desenvolvimento da sociedade é maior do que era na altura. Portanto, mesmo que o nível de vida baixe bastante, é provável que fiquemos ainda acima das condições de sobrevivência em que viveram os nossos antepassados dos anos 20 e 30.

Como é que se caracteriza esta crise?

Primeiro: a característica dominante é uma situação de deflação, é a falta generalizada de dinheiro líquido: notas. Quem tiver dinheiro, liquidez, notas ou depósitos à ordem ou a prazo em bancos estará bem.

Pelo contrário, quem não tiver liquidez ou dever dinheiro, empresas ou particulares, nos próximos anos estará em situação muito difícil. No caso das empresas, correm o risco de fechar as portas. Muitas empresas que viviam do crédito bancários, estão endividadas e neste momento os bancos estão eles próprios desesperados por dinheiro, não o possuem para emprestar - porque, no fim de contas, foram os empréstimos a fonte das dificuldades actuais. Todo o dinheiro que os bancos conseguem recuperar é para reconstituir as suas reservas, não para a concessão de crédito.

Os próprios bancos andam a pedir dinheiro, repito, não para emprestar mas para reconstituírem as suas próprias reservas, para fazer face aos levantamentos dos depósitos por parte dos seus clientes.

Portanto, a escassez de dinheiro será a marca principal desta crise. E como falta dinheiro, as pessoas não compram: não compram casas, não compraram roupas, não vão tantas vezes ao restaurante. Há um défice de procura, e a lei da procura e da oferta diz que quando a procura baixa os preços tendem a baixar.

Portanto, o que vai caracterizar os próximos anos é a queda generalizada dos preços. Já neste momento, os preços ainda estão a subir mas o ritmo já desacelerou. Continua a haver uma subida de preços, uma inflação, que é neste momento de 1 a 2%; em breve nós teremos descidas dos preços: a desinflação relativa ou deflação: vão cair os preços das casas, das refeições, vai cair o preço dos automóveis, vai cair o preço de tudo, incluindo os salários, que são opreço do trabalho.

O próprio poder dos sindicatos de nada valerá à queda dos salários, porque a alternativa é o desemprego. Uma empresa, vendendo um produto cujo preço baixa continuadamente, não pode manter os salários no mesmo nível, sob pena de ir à falência. Baixa dos salários e desemprego serão duas consequências da crise.

E quanto ao nível das taxas de juro? Vai baixar. É provável até que dentro de um ou dois anos as taxas de juro sejam quase zero, mas ainda assim os bancos não emprestam dinheiro, pela razão que já referi, a de todo o dinheiro que os bancos recuperem ser para refazer as suas reservas, ao mesmo tempo que o público está tão endividado e com tanta dificuldade em pagar os empréstimos que já contraiu no passado, que mesmo com as taxas de juro próximas de zero não desejará endividar-se mais.

Portanto, as consequências principais da crise são escassez de dinheiro; quebra generalizada dos preços; queda generalizada dos salários; quedas das taxas de juro, mas ainda assim concessão muito difícil de crédito por parte dos bancos, e muito pouco desejo do público e das empresas para se endividarem ainda mais; aumento do desemprego; e queda continuada das Bolsas.

Na minha opinião a crise pode durar entre cinco a dez anos.

No caso da Bolsa, aquilo que ela caiu no último ano, praticamente para metade, não será recuperado nem no prazo de dez anos. É possível ter uma ideia utilizando a Bolsa de Nova Iorque da década de 30; ela atingiu o máximo em 1929, antes do grande Crash, mas só voltou a atingir o mesmo nível 25 anos depois, em 1954. Hoje as coisas são mais rápidas: os mecanismos que as economias possuem, em parte por causa da revolução tecnológica da informação, permitem ajustamentos mais rápidos. Se naquela altura demorou 25 anos, eu estou convencido que a crise actual durará pelo menos dez.

O que é certo é que os próximos anos vão ser muito difíceis, não especialmente para Portugal; vai ser assim para todos os países do mundo. Também assim para Portugal, talvez um pouco mais difícil, porque as condições em que a crise apanhou o país foram também relativamente desfavoráveis face aos outros países da Europa. Tratarei no entanto, mais adiante, a situação portuguesa.

Em relação à crise actual, se quisermos por numa outra perspectiva, é possível dizer que andámos a sobre consumir ao longo de muitos anos,com dinheiro que era produzido do nada, com crédito fácil. Comprámos casas, às vezes a segunda casa, comprámos automóveis, fizemos muitas viagens, utilizámos muitas vezes o cartão de crédito, andámos todos, o mundo inteiro, a viver acima das nossas possibilidades. Agora vamos passar para um período em que vamos pagar a factura e vamos ter de nos ajustar à realidade.

Esses ajustamentos são normalmente dolorosos, vão passar por uma revolução generalizada do nosso nível de vida, através de mais desemprego, redução dos salários, etc. Portanto, vai ser um período apertado, quer para as famílias, quer para as empresas, quer para o Estado.

Gostaria no entanto de retomar a analogia com a Grande Depressão, porque, de facto, esta situação só encontra paralelo na Grande Depressão dos anos 20-30 e no Japão nos últimos 20 anos. Eu vou no entanto regressar à Grande Depressão porque a situação recente do Japão foi um caso isolado, ao passo que a Grande Depressão foi global, como a actual está a ser, atingindo a América e a Europa mas agora propagando-se a todos os outros países.

Nada se vai salvar da baixa generalizada dos preços, incluindo as matérias-primas e o petróleo. Os preços de todos os bens já caíram e vão continuar a cair, e os próximos dois anos vão ser muito mais difíceis do que 2008. Em particular, para todo o mundo, 2009 vai ser muito mais difícil do que 2008 porque só agora os efeitos da economia real começam a revelar-se no desemprego, nas dificuldades de financiamento das empresas, no aumento da despesa pública especialmente despesas sociais, como os subsídios de desemprego.

Eu gostava, no entanto de mencionar uma outra faceta da Grande Depressão que julgo que num grau menos intenso vai ocorrer também agora, na realidade já está a ocorrer. É que as dificuldades dos anos 20 e dos anos 30 foram acompanhadas em todos os países da Europa ocidental de um desprestígio das instituições democráticas que levaram ao poder soluções menos democráticas, caracterizadas pelo autoritarismo. Salazar chegou ao poder como Ministro das Finanças logoem 1926, e como Primeiro-Ministro em 1932. Em Espanha ocorreu aditadura, primeiro de Primo de Rivera, nos anos 20, e depois de Franco nos anos 30. Em Itália surgiu Mussolini e, na Alemanha, Hitler chegou ao poder em 1933. Estou convencido de que não voltaremos a soluções autoritárias dessa natureza. Mas seguramente que o desprestígio das instituições democráticas é também agora inevitável, porque elas também contribuíram para a crise actual. A crise não é só o resultado das forças do mercado e dos banqueiros. Os Estados nacionais também se endividaram enquanto puderam e encorajaram os bancos a conceder o crédito fácil para que a população ficasse feliz e os poderes democráticos se pudessem fazer eleger.

A crise não é só culpa dos banqueiros e do sector privado da economia ou do capitalismo. É também culpa da democracia. Também aqui foram necessários dois, como normalmente é o caso, foram necessários dois para dançar o tango um sistema económico altamente flexível e também um sistema político que encorajava o facilitismo da concessão de crédito e de que ele próprio dava o exemplo sobre endividando-se – todos os Estados nacionais estão endividados. E através dos seus Bancos Centrais, que sempre foram instituições públicas – produziram dinheiro em excesso, literalmente, produziram dinheiro a partir do ar.

Portanto, a crise não é só do capitalismo, como nos anos 20 e 30 não foi só uma crise do sistema económico. É também uma crise da democracia, como foi na altura, e isso pagou-se, em parte, ou com interrupções da democracia ou com regimes democráticos bastante mais autoritários. Não é de excluir que o mesmo possa acontecer agora.

Em relação a Portugal, nós temos uma grande dificuldade em fazer reformas… A razão é antiga; quando se deu a Reforma Religiosa do século XVI, Portugal e Espanha alinharam ao lado da Contra-Reforma. Portanto, os portugueses são é especialistas na contra-reforma, a boicotar reformas e não propriamente a fazer reformas. E muitas das reformas de que nós permanentemente falamos e nunca realizamos, como a reforma da Administração Pública, a reforma da Segurança Social, a reforma da Justiça, resultam parcialmente da natureza anti-reformista da nossa cultura.

Eu penso que a alteração económica e social que a crise vai trazer, vai produzir precisamente essas reformas no sistema político e nas instituições – a reforma dos partidos, por exemplo – de que se fala em Portugal há muito tempo e nunca foi feita. Em clima de estabilidade os portugueses nunca fizeram reformas. As reformas em Portugal ou vem depois de transformações abruptas na sociedade ou vêm impostas de fora, como vieram as reformas económicas dos anos 90 – impostas pela União Europeia. De outra maneira, as reformas no país só vêm em períodos de crise e de alguma ruptura social.

Nos últimos sete anos, Portugal cresceu a uma taxa muito baixa: cerca de 1,5% ao ano, foi a média nos últimos sete anos, que nos estava a afastar de novos dos padrões da União Europeia, a qual em média estava a crescer 2,5% ao ano. Portanto, nós estávamo-nos a tornar, em termos relativos, mais pobres.

A crise apanhou Portugal nessa situação de fraqueza relativa e, portanto, corre-se o risco de, estando nós já numa pequena recessão ao longo dos últimos sete anos e a crescer menos que os outros países, agora que toda a economia internacional estagnou, Portugal fique aindanuma posição mais fragilizada.

E qual era a nossa principal fragilidade? O défice da balança de transacções correntes. E de que resulta esta situação? Do facto de Portugal ao longo dos últimos anos ter andado a importar mais do que aquilo que exportou, a viver à custa dos outros países e um dia os outros vão exigir a factura. Trata-se, em suma, de um problema de endividamento crescente do país face ao estrangeiro.

A economia portuguesa, em resultado da acumulação desses défices de transacções correntes e em resultado da acumulação dos défices do Estado, somou uma dívida considerável: uma parte é privada, somo nós portugueses que nas nossas decisões consumimos mais do que o que exportamos. Outra é dívida pública do Estado português, que endividando-se todos os anos, uma parte do financiamento vai buscar ao estrangeiro. Portugal tem hoje uma dívida externa enorme: cerca de 350 mil milhões de euros, cerca de duas vezes e meia o PIB português.

Desta dívida externa a maior fatia pertence aos bancos, a segunda ao Estado e o restante a grandes empresas.

Só para pagar os juros desta dívida externa é difícil, estando o país muito endividado. Quando uma instituição portuguesa se endivida no exterior para uma taxa de juros mais elevada que uma instituição alemã, por exemplo, porque as instituições portuguesas são devedoras menos fiáveis nos mercados internacionais. Existe, portanto, um spread da dívida portuguesa face à alemã que é cerca de 1,5%. Portanto, dentro da Zona Euro, Portugal encontra-se no grupo dos países mais fortemente endividados, e por isso vai sofrer mais. Numa situação internacional em que o crédito não abunda, ninguém está disposto a emprestar dinheiro facilmente e Portugal tem hábitos de consumo acima das suas possibilidades.

O que vai acontecer é que o choque vai ser maior para o país, nosentido de se ajustar à realidade. Ao ajustarmo-nos a viver às nossas possibilidades, nós eu temos andado a viver acima delas, vamos sofrer um choque duro. E esse choque, portanto, vai ser acompanhado por aqueles efeitos que já descrevi: desemprego, falências, emigração, que serão mais intensas em Portugal.

Eu gostaria, no entanto, de deixar uma palavra de esperança para nós portugueses. É que, embora a situação económica se revele bastante má nos próximos anos, os portugueses, de algum modo, desde há pelo menos 250 anos que estão habituados a viver em crise. É por isso verdade que os portugueses têm muito mais flexibilidade para lidar com crises do que têm os alemães ou os ingleses, menos habituados.

Portanto, os próximos anos, embora sejam muito difíceis, vão ser anos muito criativos em Portugal. Em particular, parece-me certo que é sob os efeitos da crise que Portugal irá fazer as reformas que não foram feitas no passado.

Portanto, o sistema económico e político acabará por se reformar para melhor sob a pressão das circunstâncias. Do ponto de vista económico, Portugal vai ter de encontrar maneiras de compensar esse desemprego acrescido, com maior criatividade. Os portugueses foram sempre melhores na adversidade, foram sempre mais criativos em períodos de crise e, portanto, eu olho para um futuro próximo, para os próximos dez anos, com grande curiosidade, grande estímulo e também pronto a participar naquilo que, na minha opinião, no meio das grandes dificuldades, vai ser um período enormemente criativo e vivo na sociedade portuguesa"

 

 

 

Por isto eu realizei que já não poderei cumprir o meu sonho de mergulhar "à Tio Patinhas" numa sala cheia de moedas... Poderei ter uma conta bancária com uns números jeitosos mas o dinheiro vivo, nem vê-lo.

Mas talvez isso me poupe algumas dores de cabeça inesperadas.  ;-)

segunda-feira, abril 27, 2009

Uma surpresa agradável

No final da semana 16 e início da semana 17 passada andei com a internet enjoada.  Não tinha nem deixava de ter antes pelo contrário. Começou pelo telefone de rede fixa, um dia ou dois antes mas, como não me faz falta não liguei muito. Mas com a internet a coisa já fiava mais fino.

Bom... processo de reclamação iniciado, telefonemas devidamente apimentados por causa da intermitencia do problema, ao ponto de eles me ligarem  para o telemóvel porque eu não podia ligar do telefone fixo a reclamar que o telefone fixo não funcionava... até que o problema foi resolvido em definitivo.

Fiquei um bocado descontente com o meu fornecedor de internet e telefone, especialmente por causa da duração e intermitência do preoblema. E eu que até andava a pensar em mudar para eles o serviço de televisão, também...

Hoje, recebo uma SMS;

"

CLIX: A situação que nos reportou esta resolvida. Efectuamos um credito de 8,94 Eur por indisponibilidade de servico na sua factura que ira receber em Maio 2009

"

Assim, sem pontuação.

Ganda pinta! Não stava habituado a que uma grande empresa tivesse esta atenção para com os seus clientes particulares. :-))

quarta-feira, abril 22, 2009

Comprei a cautela

Uma vez, andava um homem todo pesaroso porque não lhe saía a sorte grande; "Oh meu Deus... mas porque é que não me sai a sorte grande?! Pelo menos só uma vez! Eu já ficava satisfeito..."

E lá continuava ele nas suas lamúrias, semana após semana;

"Mas que mal fiz eu a Deus? Eu até nem peço um grande prémio... só o suficiente para resolver tudo e não ter mais preocupações... Mas porque é que não me sai a sorte grande?...."

Até que a certa altura, Deus já cansado de o ouvir, exclamou; "Prontos... está bem! Mas em Meu Nome... pelo menos compra lá a cautela!"

Esta história, fictícia, foi-me contada num dos três dias de preparação para o exame de ingresso na Universidade Autónoma que frequentei na passada semana. Pretende significar, de que se não fizermos nada por nós, poderemos nunca vir a ganhar a Sorte Grande.

No passado Sábado, comprei a minha 'cautela'; fiz o exame de admissão à Universidade e hoje fiquei a saber que fui admitido. :-) Assim, no próximo mês de Setembro, volto à escola. :-)

E, sim, ainda Tenho sonhos. :-)

segunda-feira, abril 13, 2009

sábado, abril 11, 2009

"Os profissionais das rezas são uns incompetentes!"

Reclamou um idoso, ontem, para a câmara de uma estação de televisão que fazia a cobertura dos efeitos do terramoto ocorrido recentemente em L'Aquila, Itália. E continuou, "Estão aí sacerdotes, bispos, monsenhores, São Paulo, São Bento, representantes do Vaticano ...e Jesus manda-nos um terramoto... São uns incompetentes!" Chorava o velho. Eu já desconfiava desde hà muito tempo. Sempre me fez bastante confusão porque é que estes cataclismos atingem, indiscriminadamente, inocentes que não podem ter merecido tal castigo. Refiro-me aos pequenos caixões brancos por cima dos caixões dos familiares...

sábado, abril 04, 2009

X Rota do Contrabando

Mais uma vez participei na 'Rota do Contrabando', um agradável passeio que cumpre vários objectivos; passeio ao ar livre, convívio entre pessoas de regiões e países diferentes e absorção da história recente e para muitos, trágica.

Desta vez, tive condições para completar o trajecto (não 'embirrei' com nenhuma árvore) e tive a agradável companhia da geocacher Clara 'aplicada' Amaral. Obrigado. :-)

O passeio foi muito agradável mas podia ter sido melhor não fora duas ou três imperfeições (na minha opinião);

- começou às 09h00, uma hora mais tarde que o ano passado o que nos levou a suportar um calor enorme na zona mais alta do percurso.

- depois de atravessar-mos o Rio Tejo de regresso a Portugal (na verdade atravessámos o Tejo e o Sever ao mesmo tempo, e esta hein?!), fizeram-nos esperar que toda a comitiva (300 pessoas!) completasse a travessia o que levou a que nos amontoássemos, depois, nas filas para receber os 'recuerdos' (t-shirt alusiva + documentação sobre a zona e os percursos em Espanha e Portugal, ali na zona da raia + enchidos de Nisa ´um carvalho francês para plantar - era o Dia Mundial da Árvore) e nas filas para o almoço.

- na subida desde o Rio Tejo para a zona mais alta do percurso, havia uma viatura TT da protecção civil que deveria ter sido fornecida com água suficiente para toda a caravana - eu e a Clara íamos a meio e já não tivémos água. Foi complicado com aquele calor...

Mas as recordações boas superaram largamente estes três pormenores;

- o evento em si próprio é uma maravilha para quem gosta de caminhar (e até nem havia um found para somar...)

- as paisagens percorridas

- o convívio e partilha de caminhada entre portugueses e espanhóis. 

- as peripécias para atravessar o rio. 'Vai-nos calhar o bote de borracha que quase afunda com o peso da malta?' Era no nosso receio, não era Clara? :-) Afinal, fomos no barco mais 'robusto' mas entrou tanta malta que a certa altura eu, que estava na traseira (popa?) tive que gritar; 'Está a entrar água!' Está a entrar água!' e lá sairam dois ou três... é que a traseira começou a afundar abaixo do nível da água. Foi um susto e uma risota ...depois. ;-)

- a prendas e 'recuerdos' foram muito agradáveis.

- o almoço muito saboroso e em quantidade e variedade que me satisfizeram depois de 20 kms bem medidos a caminhar. O javali 'à Axterix' estava uma delícia.

Depois de saciada a fome e apreciado o espectáculo dado pelos Bombos de Nisa, ainda fomos visitar a 'nova' cache alusiva à torre recuperada nas Portas do Ródão; "Castelo de Ródão, Castelo do Rei Wamba".

Para o ano temos que desencaminhar o FTomar, não é Clara? :-)

Aqui ficam umas fotos e uns videos de mais uma bela caminhada e um dia bem passado.

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Fiz um filho, escrevi um livro e plantei uma árvore...

Há uns anos, quando deflagrou o grande fogo na Serra da Estrela, fiquei consternado com os danos causados à Natureza. Agora tive, na excelente iniciativa de um casal de geocachers, os Blue Trekkers, a possibilidade de ser consequente com as minhas convicções e ajudar um poucochinho a Serra que tanto me deu.

O Evento chamou-se "Um Milhão de Carvalhos para a Serra da Estrela".

Levantei-me pelas 04h00, saí de Lisboa pelas 5h00 e apanhei o FTomar perto do Entroncamento pelas 06h00.  Ás 08h20 estávamos no local de Evento e como tinhamos tempo, ainda fomos tentar visitar a cache do clcortez, "Covão da Ametade" mas estava muita neve e ao 6º 'afundanço' desistimos e fomos esperar que o 'acampamento' do Covão acordasse. Começaram a surgir os geocachers e após as apresentações fomos inscrever-nos. Parece que afinal não era carvalhos mas pinheiros e bétulas e ainda por cima, falaram de termos que levar as árvores e as ferramentas às costas. Onde é que já se viu!? Prometi logo um chinfrim nos foruns por ter sido enganado.  ;-) Juntaram-se a nós outros grupos (NAV? e Escuteiros da Covilhã, um deles vestido com bermudas para caminhar na neve...) Começou a caminhada que o que a gente quer é dar às pernas por vales e montes, seja no Gerês, seja na Estrela, seja na Arrábida ou onde calhar. "Os calcanhares das botas à frente!" avisava a Teresa quando começaram as descidas na neve, fofa e matreira em alguns locais.  Chegados ao local da plantação, foi tempo de ouvir o 'briefing' de como plantar pinheiros e bétulas num evento de plantação de carvalhos. Ouvimos e começámos a trabalhar. Éramos muitos e parece que plantámos as 300 bétulas e 40 pinheiros que estavam destinadas para o dia. Que mais dizer? Quando se conjuga uma bela caminhada pela Serra da Estrela, uma acção benemérita em favor da Natureza, com um excelente dia de sol, uns bons bocados de neve que nos dá para apreciar a caminhada específica deste meio, mas sem entrar em perigos desnecessários, mais uma bela jornada de geocaching e uma excelente companhia? Não há palavras. Fica a emoção e a memória deste belo Evento.

Depois do almoço seguimos para a "Vale da Candeeira".

E aqui está uma caminhada ao nível das que já fiz no Gerês! Não em extensão ('apenas' 7 kms) mas em dureza global, em satisfação pela caminhada, em beleza da paisagem e no sentir que se está a entrar em 'território' de quem gosta de abandonar o cachemobile e dar uso às pernas.  Adorei e esta é daquelas a que volto quantas vezes se proporcionarem, no acompanhar de outros colegas geocachers .  Tudo começou quando estava a tratar do pagamento do seguro para o Evento da plantação. Disseram-me que estava para sair outra cache. Fiquei na expectativa de ela ser publicada antes de chegar ao local e assim aconteceu. Depois do Evento e do fausto almoço na plantação, iniciámos a caminhada suportados nas indicações  verbais e escritas na carta 223 que a Teresa BT nos tinha dado. No início foi simples e fácil de seguir as mariolas - que aqui na Serra da Estrela ajudam em vez de baralhar como aconteceu noutros locais - e só se complicou em locais onde a neve cobriu algumas e tinhamos que adivinhar - ainda cheguei a tirar os binóculos para procurar a próxima mariola. Mas, mais bate-cú, menos 'afundanço' ou mais raids de skú, lá fomos progredindo em amena cavaqueira e risotas pelo meio.  Eu ia à frente com o bastão a apalpar a neve e lá conseguia identificar alguns pontos a evitar e noutros locais eram os 'afundanços' do Nuno BT, no dia anterior, que nos indicava que era melhor passar ao lado.  O companheirismo e entreajuda era assinalável; quando alguém caia, os outros tiravam fotos e riam-se.  Bem, chegados ao Vale da Candeeira foi a revelação da surpresa esperada; um belo vale escondido no meio da serra onde só se consegue ir a pé (ou de helicóptero). Uma vale mesmo belo, salpicado de neve por todo o lado e a prometer uma visão deslumbrante quando vier a Primavera.  Procurada a cache e estreado o logbook, descansámos um pouco e iniciámos o seguimento do nosso percurso. Atravessámos a Ribeira da Candeeira para o outro lado

e fomos visitar a 'casa do FTomar' que ainda não lhe colocou tecto mas já lá tem um colchão e portões.  Depois flectimos para Sul em direcção ao topo da Fraga do Vale Mourisco. O nosso destino era a Lagoa dos Cântaros para obter as indicações de que me tinha esquecido em 30/4/2007.  E os meus companheiros de caminhada ficarem também com o ponto inicial daquela multi-cache feito. A progressão foi difícil, as pernas cansadas do 'avança quatro passos, afunda um' obrigou os periodos de descanso enquanto se apreciava a paisagem.  Chegados à lagoa e enquanto descansávamos novamente, apreciámos quatro pessoas a escalar um paredão do Cântaro Gordo, a Oeste da lagoa e lá verificámos a cache (1º ponto da 'Cântaro Gordo') e fotografámos as indicações para se avançar ao 2º. ponto e 3º ponto noutro dia mais propício. Depois foi a descida até ao local da plantação (que se avista da Lagoa dos Cântaros) e, finalmente, até ao Covão da Ametade onde tinhamos calçado e meias sequinhas para regressar a casa, satisfeitíssimos pela bela jornada de Geocaching que os BlueTrekkers nos propiciaram.

No final do dia, enquanto me dirigia para casa, pensei; e agora?

Agora tenho que fazer mais 15 filhos e escrever mais 15 livros. :-))

domingo, fevereiro 15, 2009

Revivendo uma aventura única

Desta não estava à espera... Voltar a uma cache onde tinha vivido uma das mais intensas aventura até hoje estava completamente fora das minhas conjecturas.

Começou no início de Janeiro quando fui sondado pelo almeidara sobrea localização das minas da 'Ghost train into the mines' dos 'GreenShades'. Dei-lhe as indicações possíveis recorrendo apenas À memória, visto que na altura 'não havia' Ozi, nem cartas militares, não havia mesmo Google Maps nem Google Earth e, como não me ocorreu lá voltar um dia, não tinha registado coordenadas. Então foi mesmo de memória e de pesquisas no Google Earth.

Uma semana e tal depois, e perante uma tentativa não muito animadora de encontrar as minas, fui novamente contactado e das conversas surgiu o convite; 'E que tal vires comigo visitar o local?' Prontos... tocou-me no ponto fraco; conciliar uma volta de bike, no meio do Alentejo ainda algo rústico e misterioso, com uma linha abandonada de comboio e uma grutas para explorar melhor desta vez (da outra vez levava dois putos de 10 anos e um cachorro de um ano que não parava quieto da outra vez) mais o fazer uma passeata com o 'almeidara', o autor do 'Tour Insanidade' e deixar o meu 'My BMX TB' numa cache apropriada para ele... Era irresistível!

Assim, no dia 18 de Janeiro lá fomos. Fomos apesar de o dia prometer chuva tal como os anteriores. Estava nublado/nevoeiro o que dava um ar ainda mais misterioso ao Alentejo. Felizmente a chuva aguentou-se até perto do meio dia o 'só' fizemos o regresso até ao carro debaixo de chuva 'molha tolos' uma vez que na ida de Casa Branca até às minas e na parte exploratória este semre tempo seco.

E foi assim a aventura deste dia! 

A adicionar que a certa altura perguntámo-nos; é melhor encontrar gado à solta ou caçadores. Gado, sem dúvida! 'ENTÃO E SE FALÁSSEMOS ALTO?! SERÁ QUE OS CAÇADORES NOS OUVIAM?' perguntou o Raul. Por coincidência ou não, pouco depois deixámos de ouvir tiros de caçadeira vindos do local para onde queríamos ir...  E era muuuuuuuuggles por todo o lado...  Então, eu raciocino; 'Bem, enquanto andarmos no meio do gado não hà perigo de levar uma chumbada. Não deve haver caçadores a caçar no meio do gado..'. 'Sim...' responde o 'almeidara' enquanto olha para trás a controlar a distância a que estava o muuuuuuugle mais perto.... 

A outra aventura ocorreu em 25/4/2003.

Foi a minha primeira grande caminhada no geocaching. O objectivo da cache era levar o pessoal a percorrer a velha linha abandonada das minas que ficam ali no monte a Este do Escoural e a caminhada começava em Casa Branca, onde passa a linha de combóio para o Sul. Partimos às 17h de dia 25/4/2003 (engraçado, no dia 25/4/2008 também andava a calcorrear uma linha de combóio abandonada...) e enveredamos pela linha fora, algumas vezes escondida nas 'vedações' de silvas, outras vezes a termos que saltar vedações de arame farpado, atravessámos pastagens com um olho no chão para não pisarmos presentes e outro olho nos produtores dos 'presentes' não fosse eles quererem afiar os cornos em nós...  Lá continuamos e, ao fim de 4kms, encontramos uma estrada alcatroada a cerca de 1000 m da cache...  Na altura 'não havia' Ozi, nem Google Maps nem GE. Só a setinha do MeriPlat a apontar em frente. Foi uma aventura e tanto. Lá no local perto da cache era um bocado perigoso porque havia umas minas verticais a sem qualquer vedação, íamos caindo numa delas porque estávamos a progredir por entre as estevas e silvas e ...de repente, um buraco no chão!  No regresso, como já era tarde e o meu filho Filipe e o sobrinho João eram miuditos, o meu ex-futuro sobrinho geocacher 'PedroOCoyote' ficou com eles junto à capela que existe ali perto da estrada e das minas e eu regressei só com o 'Snoopy' para ir buscar o carro a cerca de 5kms de distância, junto ao apeadeiro de Casa Branca. Como já era quase noite e não queria atravessar as pastagens, fui de roda sempre com o olhar no GPSr e a controlar a distância e a direcção da setinha mas também o desligava de vez em quando para poupar bateria. Entretanto, anoiteceu e começou a chover. Lá continuámos eu e o Snoopy.  A certa altura, apareceu-nos um ribeiro com um caudal mais alto que o 'Snoopy' e como ele ainda era cachorro inexperiente, vai de descalçar as botas e meias, arregaçar as calças e passar o ribeiro com o cão ao colo. :-) Pelo meio, e com a falta ou interrupções na rede telemóvel, a Mila entra em pânico e começa a chorar lá sózinha no carro e eu a ouvi-la a espaços quando conseguia a ligação... Como disse, foi uma aventura e tantos e foi por causa deste episódio que a Mila não gosta de geocaching. Mas lá cheguei ao carro, conduzi até à estrada no local mais perto do ponto final da cache e ...acabou tudo por ser uma boa memória de uma grande aventura. :-) Obrigado Raúl, pelo convite para reviver tudo isto! :-)