quarta-feira, novembro 08, 2006

Cheque à Banca?

Uma das coisas que me agrada mais no Orçamento de Estado para 2007 (talvez uma das únicas) é que finalmente a Banca vai pagar um pouco mais do que até agora. É sabido, através do media, que a Banca portuguesa tem passado nos últimos tempos por um período de grande crescimento e lucros, que é o sector de actividade económica mais rentável e, segundo comentários dos especialistas, é uma das Bancas mais poderosas da Europa. Como cidadão sujeito às Leis fiscais deste país, não gostei nada da reacção do responsável máximo da Associação de Bancos Portugueses quanto à obrigação de taxar os dividendos distribuídos através de representações em Portugal - "os Bancos sabem como fazer para pagar menos impostos" - indiciando que os Bancos vão passar a deslocalizar essas operações para agencias/representações no estrangeiro nem à recente determinação do Governo quanto ao arredondamento dos juros, que era feito em benefício dos Bancos - "a diferença é que vamos reflectir essa nova realidade na negociação das taxas". Agora, com a notícia de que vão passar a pagar impostos mais equiparáveis aos outros sectores da actividade económica, começaram a hostilizar o Governo e os Governantes - "São arrogantes e populistas na maneira como comunicam as decisões". Ninguém gosta de passar a pagar mais do que estava habituado, mesmo que o que estava habituado a pagar fosse perfeitamente abaixo do que é normal nos restantes sectores.... E por mim, ainda pagavam mais; parece que foram perdoados de pagar determinadas verbas ao erário público porque este Governo não teve a coragem de os fazer pagar o que deviam - "A Banca estava a agir de boa fé", disse um Secretário de Estado para justificar a isenção... Eu também gostaria de não pagar alguns dos meus impostos. De boa fé, também... claro.

domingo, novembro 05, 2006

Inconciliáveis?

Desde hà muito tempo que reparo na difícil coexistência entre a salvaguarda e protecção da natureza com a defesa/manutenção das condições de vida e de sobrevivência económica das populações. Os casos mais recentes são o acordo para a construção de 3 fábricas da IKEA na zona de Paços de Ferreira. Óptimo investimento e muito oportuno agora que o investimento estrangeiro parece estar a fugir de Portugal para o Leste (não sem antes ter mamado os incentivos ficais). Só que essa construção das 3 fábricas parece que vai ser feita em zona de paisagem protegida, assim definida pelo PDM local. Segundo ouvi, a IKEA não conseguiria construir fábricas em zonas de paisagem protegida na Suécia nem em outro país civilizado... Contentes pela economia, tristes pela natureza. Mais recentemente, alías hoje, ouvi um popular de uma povoação na periferia de Santarém queixar-se, em consequência das cheias que assolaram a zona por estes dias, que a culpa é dos ambientalistas que os denunciam e multam por andarem a limpar o mato nas ribeiras e não os deixarem fazer nada e agora eles que viessem ajudar a limpar as casas (cheias de lama) e pagar os prejuízos. Contentes pela natureza, tristes pela condições de vida e subsistência das povoações... Será que tem que ser sempre assim? Nunca se conseguirá conciliar a defesa da natureza com o bem estar das populações e boas condições para a economia? Confesso que me deixa confuso...