segunda-feira, setembro 24, 2007

Gerês

O Gerês é daqueles locais que despertavam em mim, ainda criança, desejos de passear nas 'florestas dos filmes', anseio de subir ao alto de um monte e abrir os pulmões, sentar-me ao lado de um riacho e ouvir a água cantar. É um dos poucos locais em Portugal que mais se assemelha ao 'paraíso florestal', tendo em conta uma grande percentagem das florestas portuguesas são pinheiros e eucaliptos.
Com a recente ida ao Gerês por três vezes em um mês e 4 dias, e por ter gostado tanto, levou-me a partilhar aqui as minhas memórias do Gerês.

O prato da embraiagem Desde muito moço que desejava lá ir e, no entanto, só tive a primeira oportunidade por volta dos meus 25 anos. Estava todo contente! Nós, a minha família, tinhamos o nosso primeiro carro, um luzídio Citroen Visa II Super E, vermelhinho, o primeiro carro com um sistema de econoscópio para poupar combustível e 'salvar o Planeta'. Lembro-me perfeitamente; ao fim de alguns meses de preparação e de conciliação de férias, poupança de trocos, que a vida era mais difícil naquela altura, chegou finalmente o dia da partida. Vamos para o Gerês passar uns dias! Vamos à aventura, comemos e dormimos nos restaurantes e pensões que calhar, sem nada marcado. Carregámos o carro com as malas de roupa e carregámo-nos a nós lá para dentro; a minha Mãe, eu e a minha namorada, agora minha mulher, a minha irmá e o namorado, agora seu marido. O único que tinha carta era eu, por isso era o condutor - E eu que, ainda agora, adoro conduzir. Não fosse o sono e o cansaço, conduzia todo o dia! - Bem, mas, continuando, inicíamos a viagem e como íamos de passeio, e não havia as auto-estradas de agora, decidimos ir pela costa Oeste e íamos subindo pela mesma. Quando chegássemos (talvez no dia seguinte), chegávamos. Na altura a IC19 ainda era uma estrada nacional, com apenas uma faixa para cada lado e algumas, poucas rectas com duas faixas e lá fomos nós todos contentes. Não fomos muito longe... Na recta que antecede a saída para o Cacém, o carro deixou de puxar. E fazia um barulho esquisito nas mudanças. Eu desengatava (com o carro em andamento) e engatava mas o carro não puxava e fazia um barulho esquisito. "Prato da embraiagem partido". Sentencia o namorado da minha irmã, que não tinha carta mas era, e é, pintor de automóveis e muito mais familiarizado com o assunto do que eu. Depois foi confirmado pelo mecânico da oficina mais perto dai, que nos assistiu, ficando logo com o carro e levando-nos de volta a Lisboa numa '504'. Não imaginam a desilusão. Acho que até chorei. A primeira vez que ia para um grande passeio com autonomia completa, sem olhar a horários de camionetes de excursão, com alguma 'liberdade' em termos de despesas... Ia conhecer finalmente o Gerês... e o prato da embraiagem parte-se. A Lua de Mel A segunda oportunidade surgiu um ano e tal mais tarde, em 1986; na nossa Lua de Mel. Quando eu e a Mila pensámos e casarmos e falámos no local para ir, o Gerês foi logo a escolha óbvia. Assim aconteceu - e com o Visa! Desta vez, fomos pelo caminho mais directo. Auto-estrada até ...Vila Franca de Xira. EN1 até ao Porto, etc, etc, etc... Chegámos ao fim do dia. Mas ainda a tempo de conseguir dormida. Démos uma volta pela Vila. 'Avaliámos' duas ou três possibilidades para estadia (não havia tanta oferta como agora) e a escolha recaíu numa pensão à beira da estrada e do Rio Gerês - a Pensão Eiffel. Com aspecto de semi-novo, afastada do centro e da confusão, com o Rio mesmo por debaixo das varandas dos quartos e Oeste e próxima da Vila. Mesmo ao nosso gosto. Dali percorremos todos o Gerês 'conhecido'; Caniçada, São Bento da Porta Aberta, Pedra Bela, Albergaria, Vilarinhos das Furnas, Portela do Homem, a 'terrível' Espanha (ui, que medo, como é que tive coragem de entrar em Espanha, sózinho, a conduzir um carro, com a minha mulher ao lado...), Castro Laboreiro, Lindoso e regresso. A gerência era feita por uma Senhora, regressada da França, onde tinha estado emigrada, e com a ajuda dos filhos já adultos. Uma Senhora muito afável que que nos tratou muito bem, sabendo que estávamos em Lua de Mel, quis partilhar da nossa felicidade e a certa altura já privava conosco, à mesa de jantar, as nossas conversas e a suas memórias. Fê-l o de uma maneira simples, natural, com a incência das pessoas simples do interior e por isso não a achámos mediça e partilhámos com elas as nossas conversas, sonhos e felicidade do momento. A Senhora, estava, no entanto, a viver momentos de amargura, e talvez tenha sido por isso que abriu o seu coração e quis viver um pouco da nossa felicidade; tinha sido abandonada pelo arido hà uns meses atrás, logo depois de terem montado a Pensão, sonho de uma vida de trabalho e de poupança para criar um meio de sustento da família; a Pensão. A situação custou-nos e quase que nos sentimos culpados da amargura dela por estarmos felizes. Por isso nos custou tanto agora, em 2007, ao ver que a Pensão Eiffel fechou... que terá acontecido? 'Fenda da Calcedónia' - o fracasso Muitos anos mais tarde, já depois de ter aderido ao Geocaching, surgiu a oportunidade de ir até ao Gerês, em passeio familiar, com o objectivo de visitar a até então, única cache na Serra do Gerês (havia outra mas era na Serra da Peneda); a 'Fenda da Calcedónia'. Confesso que quando planeei esta deslocação, tinha outro objectivo; resgatar o meu TB "Hendrik" que estava nesta cache desde hà mais de 3 meses e a cache não tinha nem uma única tentativa de visita logada. Como o objectivo do TB era ir para Leste e tinham-no levado para Norte, quis tentar ir buscá-lo. Bem, a deslocação foi feita com a companhia da Mila, Filipe (ainda criança), a Sandra (minha sobrinha) e o namorado, o Pedro (geocacher PedroOCoyote). O passeio correu bem e o almoço no Restaurante de Campo de Gerês onde comemos caça foi um espectáculo. Agora a tentativa de visita à 'Fenda' foi banhada com um dilúvio que nos fez fracassar a procura da cache. Mas subimos a Fenda e isso foi uma experiência muito agradável. Tanto que iria voltar várias vezes. No entanto, tive nesta caçada, o momento emotivamente mais forte de sempre no Geocaching; Quando ainda andávamos a tentar perceber como se ia para o topo do afloramento granítico, a certa altura, na zona a Norte do topo mas a uns25/30metros de distância e numa cota uns 30/35 m mais baixa, salto de um rochedo (daqueles mesmo grandes!) para um outro a cerca de 1 m mais abaixo para ir espreitar um pouco mais hà frente se havia passagem para o alto. Quem já lá foi, sabe que aquilo é algomerado de blocos graníticos enormes, com dezenas de metros de diâmetro, intervalados com fendas verticais de vários metros de profundidade, daquelas que não dá mesmo vontade nenhuma de cair lá dentro. Ora, como estava a contar, depois de ver que por ali também não havia maneira de chegar lá acima, volto-me para trás para regressar e vejo uma fenda enorme em profundidade e com cerca de 1 metro de largura, a separar os dois blocos graníticos! Aquele, mais baixo, onde eu estava e o outro, de onde tinha saltado. Então, estava eu com os pés um metro abaixo da cota para onde queria ir e com um metro de distância a separar os dois blocos e, para ajudar, as arestas daqueles blocos são arredondadas, com um ângulo suave, o que me impedia aproveitar ao máximo as arestas dos mesmos, aproximando-me do berma do bloco onde estava e de me agarrar à aresta do bloco para onde queria subir. E eu com apenas 1,63m de altura. Mas mais ainda; desde hà cerca de 10 minutos que chovia o que eliminava qualquer capacidade de aderência e destruía qualquer confiança que me fizesse correr para ganhar balanço e saltar do bloco inferior para o superior. O que me 'salvou' foi o eu não estar sózinho. O Pedro, moço de 1,93, deitou-se ao comprido no bloco superior, para ter a melhor aderência possível, e com as duas mãos agarrou-me e subiu-me à força de braços. Se estivesse sózinho, se calhar tinha lá passado a noite, molhado e gelado... Ao fim de 5 anos e quase 6 meses esta é , ainda, a situação mais complicada que já vivi no geocaching... A partir de então, nunca mais saltei para baixo sem olhar bem se depois consigo voltar para cima, pelos meus próprios meios. Safa! ;-)

Os fogos

Há uns anos, mais ou menos entre os momentos referidos antes e após esta parte, começou-se a ouvir falar de fogos no Gerês... :-(

Como é possível! No Gerês?! Ali não 'pode' haver fogos! Tal como em Sintra e na Arrábida. Pensei eu angustiado pela visão de um Gerês todo queimado...

Egoismo da minha parte? 'Pode' haver fogos nas outras matas, as dos pinheiros, eucaliptos? Pode haver fogos nas florestas publicas ou privadas, privando pessoas e comunidades de parte do seu património? Mas não 'pode' haver fogos nas matas mais ricas em termos de flora e mais emblemáticas em termos de natureza e turismo? Sim, foi egoismo da minha parte mas foi o que me ocorreu quando os fogos chegaram ao Gerês...

Infelizmente, houve mesmo fogos. Felizmente não foram tão extensos como receei. É um drama este 'moda', porque é disso mesmo que se trata, moda dos fogos. São, para mim, fogos comerciais. Hà sempre alguém que, mais tarde ou mais cedo, lucra com eles...

1ª caçada conjunta? No ano seguinte, em Agosto de 2004, eu e alguns geocachers amigos organizámos o que poderá ter sido a primeira caçada conjunta, levada a cabo por pessoas que se conheceram apenas no geocaching. Subi novamente a Fenda e conseguimos atingir o topo do afloramento granítico que alberga a cache. Esta expedição, teve a participação de PH, MCA e um geocacher do Norte que se nos juntou, o Rob_300tdi, agora RobGeo. Saímos de Lisboa cedíssimo e fomos direitos à Fenda da Calcedónia. Em princípio era para o Roberto se nos juntar ali mas depois preferiu juntar-se-nos na Portela do Homem. Após a 'bucha' no bar que lá havia e de nos encontrar-mos com o ele - que belo jeep que ele tem, daqueles todos de lata, verde militar, a gasolina, descapotável, um Land Rover de 88 ou coisa parecida, o MCA, adepto de TT, ficou todo babado e fez resto do dia sempre na companhia do Roberto. Bem, seguimos em direcção a Espanha e fomos visitar a 'Pozas del Rio Caldo'. Aqui procurámos a cache em conjunto (como não fui eu que a encontrei, só loguei note) porque o sinal estava pouco cooperante. Até me aconteceu uma coisa engraçada e que deu origem a uma frase que repito várias vezes desde então; aquilo está num vale bastante cavado, com uma sucessão de pequenas cascatas e poços de água cristalina que convidam mesmo ao mergulho. E está sempre cheio de gente a fazer o que se deve fazer ali, tomar banho. Ora, andávamos nós os 4, vestidos, a tirar fotos, os espanhóis a começar a aolhar muito para nós, talvez estraanhando que nós não nos despissemos, e o raio do sinal de GPS estava fraco em qualquer dos aparelhos. Nem se condeguia determinar em que margem do rio estava a cache. Foi então que, ao apaerceber-me que o sinal parecia melhor na margem Este mas a seta apontava, de vez em quando mais insistentemente para a margem Oeste, me dirigi então à margem Este, subi o que pude até 'agarrar' o sinal e vim por ali abaixo, devagarinho para não 'entornar' o sinal. E não é que deu resultado?! Fui anando devagarinho, a olhar para o GPSr, vendo que ia tendo um, dois, um, três satélites e, quando finalmente olhei para o que poderia ser um local, sério candidato a ter a cache, olho e vejo o MCA sentado ao lado. Informo-o todo satisfeito que desconfiava que a cache estava ali ao que ele me responde que sim, que se tinha sentado ali, cansado de procurar e ao olhar para o lado tinha visto a cache. Bah!!! Depois seguimos até Castro Laboreiro, onde ainda andámos a fotografar e georeferenciar umas pontes romanas para a locationless cache do orebelo e, de seguida, para a 'Fronteira de Baixo' onde o Rob verificou, com tristeza que a cache dele tinha mesmo desaparecido. Mas ao chegar-mos à aldeia, fomos recebidos com música e fanfarras, bailes e cantorias. Ai não era para nós? Começaram quando nós chegámos... ;-) Dali seguimos para a 'Landmania' - que grande volta que se deu para lá chegar! Nesta ultima cache ocorreram dois episódios, um deles um bocado chato para mim e o outro estranho e quase hilariante. Fomos procurar a cache, eu e o PH (o MCA já a tinha visitado uns meses atrás). Primeiro eu, tinha 15 minutos e depois ele. Ora aconteceu que, quando eu estava a dirigir-me para o local da cache passando, determinado obstáculo, o Roberto me diz; "Então, a invadir propriedade alheia?!" Fiquei confuso e indeciso e acabei por desistir de ir pelo local que me levava em linha recta ao 'ponto zero', segundo o GPSr. Fui por outro lado de um determinado obstáculo natural e, ao fim de 15 minutos de procura infrutífera, com o GPSr a apontar para o local inicialmente suspeito mas sem me conseguir aproximar dele sem 'invadir propriedade privada', desisti e foi DNF para mim. De seguida e como combinado, o PH foi procurar a cache, pelo local onde eu pensava ir inicialmente e encontrou-a. Afinal o Roberto tinha estado a brincar comigo mas foi o suficiente para me lançar a dúvida e a incerteza. Mantive a decisão do DNF porque faço questão de só logar caches que eu encontro. O segundo episódio teve a ver com um bloqueio do GPSr que a certa altura 'deu-me' 56.411 metros de altitude e 708 kms de velocidade! E a distância era 533 kms, quando ainda estava na zona, perto dos carros. ;-) Iniciámos o regresso a Lisboa, desde o local da Landmania, pelas 21h00, após as despedidas do Roberto e do agradecimento pela sua agradável companhia, apesar do pormenor da 'invasão da propriedade particular' que o é, sim, mas a cache está lá com autorização do dono do terreno, segundo nos informou. Barrigada de Peneda e Gerês Pois, o vício estava absorvido. Sempre que a oportunidade se propiciava lá vou eu à Fenda. Desta vez a 'desculpa' foi acompanhar o Cláudio, numa subida de noite, cheia de emoções fortes, e enfianço na primeira fenda que me apareceu pela frente, procura da cache às 00h00 no alto do penedo e dormida num buraco na base do mesmo. No dia seguinte iríamos visitar a não menos mítica 'Tou às Aranhas!'. Mas a história começa outra vez pela matina, antes das galinhas acordarem, em frente à casa do PH e a foto de grupo, de início da caçada. Desta vez o Claudio juntou-se-nos e foi aceite no 'grupo dos malucos que fazem raides de Lisboa ao Gerês para procurar taparueres no meio do mato'.

O destino inicial era a Senhora da Peneda, pelas 11h00 onde nos iríamos encontrar com o Páscoa, Luísa e Walcarr para irmos todos juntos fazer a 'Stairway to Heaven'. Não chegámos tarde mas como eles chegaram cedo, foram andando caminho acima para irem mais nas calmas. Nós, mais tarde ou mais cedo apanhávamo-los. Assim foi, depois de uma paragem para pedir umas bifanas, em que tive uma negociação engraçada com a senhora, lá iniciámos a subida do caminho dos 'sapos'. Quando chegámos ao topo e depois nos dirigimos aos blocos de granito onde a cache está, numa das tentativas de encontrar caminho para o topo (pois, errámos na abordagem; fomos por Este e deviamos per contornado por Oeste...), começámos a ouvir vozes e depois vimos o grupo do Norte. Giro, giro foi ver o Walcarr. Naquela altura estava... um pouco menos elegante. Estava encostado a um rochedo, com os pés numa aresta que seguia ao longo do mesmo, a 1 ou dois metros de altura do chão e com mais 1 metro ou coisa parecida para subir. Estava exausto, sem fôlego nem para subir nem para descer. Ele próprio se riu da situação, mais tarde. Bem, esta caçada, com o almoço das bifanas e montes de SMSs trocados com companheiros de Lisboa e Porto, a quererem saber se estávamos bem (obrigado 2Cotas e ZoomBee!), prolongou-se por 'meio dia' até que voltássemos à Peneda, cá em baixo, onde nos despedimos dos nosso companheiros que iriam regressar. Nós seguimos para Norte, para as caches de Castro Laboreiro e iríamos, mais tarde, entrar no Gerês pela Portela do Homem. Mas na zona de Castro Laboreiro, onde encontrámos todas as caches, incluindo a 'Fronteira de Baixo' entretanto reposta pelo Roberto, também aconteceram algumas histórias gostosas, salpicadas por um dilúvio de água intercalada por algumas abertas; Na 'Green Deep' o PH teve que me levantar em peso para eu desencarcerar a mão de onde ela tinha ficado presa. Encontrei eu a cache e coloquei lá a mão com tanta sofreguidão que depois não a conseguia tirar. Eu bem me punha em bicos de pés mas a mão dali não saía. No 'Rocky River' nada de especial, apenas a ponte romana mais bela que eu já vi e a continuação da molha. :-) Na 'Fronteira de Baixo' além de uma senhora idosa ter sido muito simpática para nós, deixando-nos estacionar o carro no seu minúsculo quintal e perguntando-nos se andávamos a fazer estudos para trazer melhorias à terra (...) aconteceu que, a certa altura, quando eu estava com dúvida se devia continuar com o carro por uma rua estreita e passar a próxima esquina (estava a chover bem, já estávamos molhados e tentávamos aproveitar o carro ao máximo), o MCA aferece-se para ir verificar o caminho e depois regressa da curva dizendo; 'Bem, o carro passa à vontade mas vem aí uma manada de vacas!" ao que, de seguida, se enfia no carro a toda a pressa. E ali ficámos um pouco à espera que a manada passasse com as vacas quase a raspar os cornos no meu popó... Felizmente iam nas calmas. :-) 2º Acampamento GeocachingPT E finalmente vim ensinar o meu filho a subir fendas! Também trouxe o João e ambos adoraram a experiência. A oportunidade foi propiciada pelo 2º Acampamento de Geocachers, no Parque de Campismo do Vidoeiro. Desde que se começou a falar na organização do 2º acampamento que me pareceu uma boa oportunidade para ir acampar com os dois 'escutas' masculinos da família. Assim aconteceu e foi uma experiência gratificante. Andar só com eles, sem as 'saias' das Mães a atrapalhar, ensinar-lhes e viver com eles situações próprias da vivência e camaradagem entre homens, que eles já começam a ser. Enfim, foi, àparte a componente geocaching, também agradável, uma convivência muito agradável fora das situações habituais do dia-a-dia em que eu tenho o papel de Pai e Tio e eles o de Filho e Sobrinho. Partilhámos tarefas, discutimos planos, tomámos decisões em conjunto, divertimo-nos, irritámo-nos, discutimos, concordámos, votámos e passámos uns dias óptimos, nós os três. Provas? Eles querem repetir a dose. :-) E depois houve a componente geocaching e convívio com a malta que esteve presente nos dias em que nós lá estivemos. Aqui as coisas não foram exactamente como esperava. Não porque tivesso havido qualquer chatice mas porque o que parecia ser um plano inicial, acabou por não se realizar e nós andámos nas caçadas mais ou menos sós. Parecia, pelo que estava na página do evento, que o grupo ia às 'Aranhas' no primeiro dias (aquele em que nós não podiamos estar) e depois nós acompanhávamo-los nas caçadas à 'Fenda da Calcedónia', 'Prado do Vidoal' e 'Pé de Cabril', que eram as caches que eu tinha em mente. Assim, convívio foi só de manhã e à noite no P. Campismo e nos Restaurantes dos arredores. Com duas exepções que foram a ida à Pedra Bela ver a 'chuva de estrelas' anunciada nos media (queda de meteoritos numa cadência acima da normal) e um encontro breve na 'Prado do Vidoal'. Mas mesmo assim foi um acampamento agradável e só a chuva dos dois últimos dias o tornou mais triste, especialmente para os rapazes, porque não foi possível ir com eles à 'Pé de Cabril', que era a cache mais excitante para eles, juntamente com a subida da Fenda da Calcedónia que eles adoraram. Momentos especiais com os rapazes foram a 'Prado do Vidoal' (2, 3) e a excelente tarde passada nos poços de água do Rio Caldo, em Espanha (não queriam sair de lá). Momentos especiais com a malta toda, foram o jantar de Domingo, no Restaurante das pizas na lenha e a ida à Pedra Bela, onde procurei mas não encontrei a 'Have a Pen?', para ver a 'chuva de estrelas'. Aqueles momentos com a maior parte do pessoal deitada de costas a ver um céu limpido, estrelado e a disputar 'avistamentos' de meteoritos, como se fossem FTFs, numa noite agradável em termos de temperatura e boa disposição geral da malta, foram realmente um ponto alto do convívio :-)

Momentos altos em termos de teste ao meu sentido de responsabilidade (já que ninguém me elogia...), foi quando no dia 14 quando percebi que não dava para ir à 'Pé de Cabril' e à 'Silhas dos Ursos'. Consegui combater a minha tendência de ir, ir, ir ...sempre em frente e pensei na segurança dos rapazes (e nos rolos da massa lá em casa). Tinha estado óptimo tempo até aquele dia. Era o dia mais ansiado, após a 'Fenda'. A excitação era grande em todos. Uma cache muito desafiante para mim e uma bela de uma subida de calhaus a pique para os rapazes (é o que eles gostam mais no geocaching, andar a trepar calhaus). Mas, o dia nasceu cinzento, com má cara e foi piorando conforme nos aproximavamos da 'Miradouro da Junceda'. Quando, perto do parque de estacionamento me cruzei com um jipe dos guardas florestais, fiz-lhe sinal que queria falar e perguntei-lhe, já convencido de que não era boa ideia, se aconselhava a fazer o trilho até ao Pé de Cabril e subi-lo até ao topo. Ele ainda me perguntou se eu já lá tinha ido mas abanando a cabeça, significando que não era boa ideia. À minha resposta 'não', concluiu que não aconselhava. Depois ainda pensei em fazer a 'Silhas dos Ursos' e até obtive os dados, calculei e localizei no Ozi o 2º ponto desta cache. Mas, pus-me a pensar; 5 kms de percurso, nevoeiro, chuva miudinha, piso escorregadio, risco de quedas não graves mas chatas (o percurso parecia ser todo de pé posto conforme se verificou mais tarde), ficamos todos molhados e não se vai ver nada de jeito por causa do nevoeiro... vamos mas é fazer as 'drive in's. É claro que o Filipe não aceitou nada bem a decisão. Parece que sai ao Pai. ;-) Levar as Mães ao Gerês Bem, esta folia toda no Gerês, umas vezes com os amigos e agora com os rapazes fez-me lembrar que a Mila já cá não vinha hà uns tempos. Então, comecei a pensar em trazê-la de novo a passear por todo o Gerês, hospedarmo-nos novamente na Pensão Eiffel e visitar os locais que ela tinha gostado de ver na Lua de Mel. E outros, também. Como agora não se tratava de subir calhaus mas essencialmente de andar de carro e visitar alguns miradouros perto da estrada, o Filipe não quis vir. Lembrei-me então de trazer também a minha velhota que nunca tinha vindo ao Gerês. Ficou radiante! "Mas, não vou incomodar? Vocês vão numa espécie de 2ª Lua de Mel...". "ÓMãe, ficamos em quartos separados!" ;-) Passeámos por todo o Gerês conhecido da Mila e por mais alguns locais; Vila de Gerês, Pedra Bela, ,Mata da Albergaria, Campo de Gerês, Vilarinho das Furnas, Brufes, Portela do Homem, Xurés, Castro Laboreiro, Lindoso, Entre Ambos os Rios, Serra Amarela... Pico de Regalados (já conto porquê), São Bento da Porta Aberta (como me lembrava deste local quando o Bento dava uns frangos, ainda que raros, no Benfica...), Marina da Caniçada... Foram umas passeatas muito agradáveis, algo mais turísticas mas com algum geocaching à mistura. As caches 'Castelo de Castro Laboreiro', 'Aqui há Gado!' (video1 e video2 ) e 'Miradouro da Junceda' foram os pontos altos em termos de geocaching nesta deslocação. Voltei a não encontrar a 'Have a Pen?', agora de dia...

Em termos gerais, todo o tempo e todo o passeio foi uma maravilha. Apreciámos muito a 'Pensão de Santo António' com as suas varandas em madeira, bebruçadas sobre a albufeira, o 'galinheiro' de patos mesmo por debaixo do nosso quarto, com os ditos cujos a acordarem-nos de manhãzinha cedo para não desperdiçar-mos o dia (video os pratos regionais em Castro de Laboreiro, as tostas mistas à noite, no bar/discoteca da Marina da Caniçada, mesmo com o vale do Gerês a desenvolver-se à nossa frente, com o Pé de Cabril lá no alto da encosta Oeste, o facto de a Mila não me ter deixado procurar a cache 'Have a Pen?' estando nós a 30 metros dela [tive que lá ir tentar no dia seguinte, de manhã (video )], porque tinha medo de ficar sózinha, com as estrelas por cima e a escuridão em toda a volta dela, o cigarro calmamente fumado na varanda da Pensão, já 'meia noite e tais', na companhia da Mila, com a luz do Luar a reflectir-se nas águas calmas da Albufeira, mesmo por debaixo dos nossos pés, os traços luminosos e rápidos que se desenhavam a espaços no céu estrelado para logo depois desaparecerem 'do outro lado do céu', o silêncio acolhedor, só interrompido por um ou outro 'quá, quá' que ecoava debaixo da varanda... Bolas.... estes momentos acabam depressa. Pontos negativos foram o facto de a Pensão Eiffel ter fechado.... :-( ...e o terem-me 'ido à traseira' (do carro!) e fugido para não me pagarem. ;-) Foi em Pico de Regalados, Vila Verde. Regressava da 'Aqui hà gado!' que não vi nenhum mas encontrei 'gado na estrada'. Abrandei para virar à esquerda num cruzamento, nem precisei de parar, abrandei apenas, e levei um um tipo que devia ir distraído e abalroou-me com bastante força, tendo projectado o meu carro uns 4m para a frente. Felizmente não vinha nenhuma outra viatura de frente, porque eu já tinha direcção virada para a esquerda. Ainda atordoados e surpresos com o sucedido, quando estava a tirar o cinto de segurança para sair, apercebo-me de uma aceleração brusca atrás de mim e já não saí; fixei bem o olhar no local onde calculei, pelo som, que ele ia passar, gritei 'Não saiam!' e vejo o condutor que me bateu a ultrapassar-me, pela direita (!) e a fugir rapidamente na próxima curva. Mas consegui ver a matrícula, que era homem, cabelo curto, entroncado, t-shirt cinzenta, e que a viatura era um pequeno comercial de cor branca. Este sangue frio que me permitu todas estas observações e o aparecimento de testemunhas que não hesitaram em identificar-se, aliados ao procedimento normal nestas situações, com a chamada da Brigada de Trânsito para tomar nota da ocorrência, libertaram-me de problemas e responsabilidades. Está tudo bem encaminhado para que aquele fulano deixe de andar a colocar a vida dos outros em perigo. É que o tipo ainda teve o desplante de telefonar para a esquadra a dizer que não era ele mas sim a mulher que ia a conduzir! Mas no Auto de Acidente ficou registado que, tanto eu como as testemunhas vimos que era um homem e que ia sózinho na viatura. O cobardolas, bate, foge, ultrapassando pela direita (a minha Mãe ia a abrir a porta do lado direito, onde ela estava, quando ele passa a acelerar a lado dela) e ainda se vem desculpar com a mulher... Dias depois, recebi cópia do Auto e fiquei a saber que ele anda sem carta porque tinha lhe tinha sido cassada. Enfim, já não fiquei tão descansado com a hipóstese do 'afastamento' de condutores que não assumem a sua responsabilidade e ainda pôem a vida dos outros em perigo (aquela fuga pela direita quando a minha Mãe ia a sair...). É que indivíduos destes precisam tanto da carta como da consciência para andarem a conduzir... 3ª Expedição Tudo começou com a publicação da 'Heart of Darkness' (2 e 3) . É uma daquelas caches que eu olho e digo para mim; 'é uma daquelas caches...'. Coloco-a na 'watch list' e poucas horas depois já estou a receber notes do clcortez e do PH a desafiarem-me para organizar a '3ª Expedição ao Gerês'. Ok... é mesmo uma daquelas caches... :-) Em menos de meia hora há tinha enviado um mail ao meu grupo preferido para caminhadas e caçadas a caches extra; clcortez, MCA PH. A coisa arrastou-se durante cerca de três meses, com as duas deslocações relatadas anteiormente pelo meio, mas desde logo fui 'intimado' a não me atrever a visitar a 'HofD' sem a companhia deles senão levava uma 'trinca nas nalgas'. Como quem tem nalgas tem medo das trincas, nem sequer olhei para o Borrageiro. ;-) Chegado o dia tão aguardado, lá nos encontrámos mais ou menos à hora marcada em frente da casa do PH. Trasnportadas as tralhas para o carro de serviço, iniciámos a viagem para o Gerês em bom ritmo e, no início, com o ppinheiro a seguir a nossa progressão no gpsgate.com. Íamos tão depressa que começámos a receber sms dele mas seguimos no mesmo ritmo e em 2h15 estávamos a atravessar a Ponte do Freixo.

Até ao Gerês, apenas há a referir que parámos na AS Coronado para comer qualquer coisa e beber um café mas apanhámos uma camionete de 'povo'. Daquelas em que até as velhinhas se encostavam ao PH para ele andar mais depressa na fila ...que estava parada. Depois, em Braga, lá me baralhei outra vez nas entradas como é meu costume.

Mas chegámos ao P. Campismo do Vidoeiro à hora esperada e fomos fazer o checkin e montar as barracas. Depois rumámos ao centro da Vila e lá estavam os nosso companheiros do Norte, a Silvana, o Drager e o Sagitário, prontinhos para a caçada.

No estacionamento da Portela de Leonte, foi altura para se fazerem contas para a 'Prado do Vidoal', encher as garrafas de água e colocar creme para protecção da pele, na cara e noutros locais mais resguardados. ;-)

E começámos a subida da Geira Romana em direcção ao Prado. Lá em cima, encontrámos mais dois pastores com quem falámos, enquanto quem ainda não tinha encontrado a cache tratava de o fazer e ficámos a saber que os pastores de agora são pessoas que têm a sua vida normal mas, durante 5 dias por mês, vão para a montanha guardar o gado de toda a comunidade. Um pastoreio comunitário.

Após aperceber-me que o meus três companheiros do Sul já tinham encontrado a cache, aproximei-me, passando antes pelo bebedouro de água do gado, para tirar uma foto a uma rã e ao seu girino, para entregar uma geocoin que tinha encontrado na 3ª feira anterior na Serra Amarela, na cache 'Aqui hà gado!', uma cache excelente, também, e sugeri que iria seguir conosco de cache em cache até ficar na "Pé de Cabril". A geocoin tem um objectivo de visitar caches de dificuldade de terreno superior a 3 e obter fotos para owner ver uma vez que, por agora, não pode atirar-se a essas cache por ter filho ainda bebé.

Feitas todas as preparações e arrumada a cache, lá seguimos em direcção ao Borrageiro, passando pelo calhau onde eu e o Filipe subimos no passado dia 13 de Agosto.

Depois, mais tarde, viríamos a descobrir que esse caminho era errado e devíamos ter seguido outro mais a Norte mas sem problema, foi apenas mais umas centenas de metros que andámos e até deu para apreciar a Cova do Azevinheiro. A progressão ia fazendo-se melhor ou pior mas sempre com o mesmo ritmo de passeio e com várias paragens para fotos.

Chegados ao Borrageiro (video ), pedi aos meus colegas que fossem à frente e me avisassem quando todos tivessem localizado a cache para, então, eu procurá-la e retirá-la ao que eles acederam.

Almoçámos enquanto logámos e comiamos o primeiro dos petiscos que o PH tinha preparado para nós; uma saborosa bôla cozinhada por ele próprio na noite anterior!

Após o almoço, seguimos em direcção ao ponto final da cache que foi atingido enquanto íamos ficando cada vez mais maravilhados com a imponência da Natureza que se revelava à frente dos nossos olhos e das lentes das nossa câmeras! Então, a Rocalva foi muito apreciada por todos.

Até que chegámos perto do ponto final e aí o grupo pareceu-me ter ficado impressionado com o troço final para chegar lá acima. Chegou até a haver quem dissesse que ia lá alguém buscar a cache para ser logada cá em baixo. Mas em breve o susto passou e um, após outro, lá chegámos todos ao topo e procurámos a cache à vez para ser retirada pelo último a localizá-la. Então, depois de montes de fotos e de desfrute das vistas, com especial interesse pelo Vale do Rio do Conho, foi-se analisando o mapa levado pelo PH, comentando as Fichas e lançando piropos sobre a possibilidade se alguém colocar uma multi com três pontos sendo dois nas extremidades e um no fundo, o PH começou a dar a sua tão ansiada aula de Geologia. Imperdível, ter aquelas explicações tão avalizadas no local onde elas têm mais impacto! Só achei que alguns alunos deviam levar um puxão de orelhas; assitir a uma aula deitados no chão da sala?! tsc, tsc...

Com isto tudo eram 16h00 e começou-se a decidir sobre o que fazer a seguir; havia quem quisesse regressar pelo mesmo caminho por causa das horas previstas ainda para andar e por algum cansaço já sentido e quem quisesse continuar o Trilho do Borrageiro todo. Analizámos o mapa em papel, fizémos cálculos, identificou-se no terreno o acessoao Trilho e votou-se. Foi maior o número dos que queriam percorrer todo o Trilho, até porque a diferença da distância das duas opções não era assim tão grande e assim se decidiu democraticamente.

Lá seguimos então em direcção a Noroeste de encontro ao Triho do Borrageiro para o apanharmos. Tivemos alguma dificuldade em dar com ele por causa da quantidade de mariolas que acabou por nos confundir e seguimos alguns trihos secundários até darmos com ele um bocado mais tarde depois de uma descida que foi feita já a corta-mato (ou a desce encosta com alguns 10% de inclinação ).

Mas lá demos com ele, com ajuda do mapa de papel e das cartas M888 dos PDAs, onde estava o trilho no Ozi. Para festejar, na pausa para descanso, o PH ofereceu ao grupo o seu saboroso chouriço (picante!) que foi apreciado por todos, juntamente com um pão da região que o Claudio tinha comprado na Vila. Para tornar o momento de descanso ainda mais interessante, o PH desta vez não nos leu um poema de Miguel Torga mas contou-nos uma história, lida num dos livros dele, onde relata o seu episódio com o "O Celta"; uma história saborosa onde Torga ficou a saber que esteve para ser esfaqueado na montanha depois de ter descoberto que o seu guia era contrabandista e ter tentado convecê-lo a assumir a sua condição sem problemas ou vergonha. Estas caçadas com o PH são o máximo!

Depois da pausa metemo-nos de novo a caminho já a racionar a água e com o meu garrafão de 2L a servir mais alguém além dei mim. Mas mais á frente aparece um 'óasis' e a água corrente e em quantidade suficiente para nos deixar confiantes na sua qualidade chegou para tudo; beber, encher garrafas e cantis e ...lavar pés. E até ia servindo para um de nós ir ao banho. Ele bem 'tentou'!

Mas prontos, descansou-se mais uma vez e continuámos. Pouco depois, apanhei um saco que tinha lixo e atei-o à mochila e lá fomos o resto do caminho com o saco a fazer tac-tac-tac... Subimos montinhos, atravessámos o Prado da Messe, os Prados Coveiros, viu-se abrigos, fotografaram-se. Houve quem tivesse ideia de deixar uma cache - e até tinhamos material completo para isso; a Silvana tinha tupperware e eu tinha sacos, stashnote, prendas, logbook e caneta - mas lá fiz a pergunta chata; "E a manutenção? Estão dispostos a vir cá fazer a manutenção sempre que fôr preciso?" Seguiu-se caminho e deixou-se nada mais que pegadas.

Mais tarde e mais algumas descidas, já com o Sol a dizer que era preciso despacharmo-nos, começou-se a aproximar do topo do vale da Ribeira de Monsão que iríamos descer até à estrada que vem da Portela do Homem. Aqui o ritmo teve que acelerar um pouco, apesar de alguns queixumes por causa dos joelhos e lá fomos descendo o 'vale encantado' com muitas fotos pelo meio e, na parte final, já com o sol posto.

Chegados à estrada, e como alguns estavam bem cansadinhos, decidiu-se que os condutores iriam buscar os carros ao estacionamento para virem, depois, buscar o grupo.

Assim, lá fomos, eu e o Sagitário, em passo acelerado, estrada acima, percorrer os 4 kms finais para o descanso, o duche e a merecida refeição já planeada para o restaurante das pizzas no forno de lenha e dos 'nacos na pedra'. A caminhada estrada acima, pelo ritmo, concentração, quase silêncio total em que o fizémos e pelo cansaço acumulado, fez-me lembrar as marchas que fiz na tropa quando me alheava do esforço e me abstraía da dôr, engatando um passo largo e rápido até o Alferes instrutor, do outro lado da estrada, me chamar a atenção de que eu não podia passar à frente dele.

Mas lá chegámos aos carros e rapidamente fomos buscar os nossos companheiros. Já eram horas de jantar mas estávamos todos tão porcos e mal cheirosos que facilmente concordámos em irmos primeiro tomar um duche e mudar de roupa.

O jantar foi novamente no restaurante das pizas no forno de lenha onde comi um belo de um bife, com 1,5cm de altura. Era assim uma espécie de mistura entre posta mirandesa e naco na pedra. Carne! :-) Neste restaurante e nesta noite, ficámos a saber que há a 'menina dos pedidos', a 'menina das cervejas', a 'menina que traz os pratos'... Sempre que chamáva-mos uma menina para pedir alguma coisa, ela respondia que era a outra menina que que fazia isso.

Depois fomos à Pedra Bela, ver as estrelas e, alguns, procurar a cache 'Have a Pen?' Como já a tinha procurado duas vezes recentemente sem a encontrar, lá alinhei na procura colectiva e a cache apareceu onde eu não a procuraria sózinho. Assim, como não a encontrei e já tinha feito dois DNFs, não loguei. Hà caches que 'não querem' nada comigo.

No dia seguinte era a 'Pé de Cabril' (2) e a 'Silhas dos Ursos'.

Arrumámos as tendas, fizemos os checkout, o clcortez tirou umas fotos ao Rio e perdeu a máquina fotográfica ao comprar pão para levar para casa. Fomos ter com os outros à Vila, a meio do caminho regressámos ao Parque para procurar a máquina. Nada de máquina. Pedimos contactos. Fomos atrás da carrinha do pão, onde se pensava que a máquina estivesse e fomos novamente para a Vila, onde estavam os companheiros do Norte à espera de nós para se tomar o pequeno almoço e comprar o almoço. Encontrámos a carrinha do pão mas continuava a não se encontrar a máquina. As nossas disposições estavam sombrias pela máquina perdida do Claudio. Mas o pequeno almoço foi agradável até porque ao lado do Sagitário está-se sempre bem disposto. :-)

E lá rumámos para a encosta Oeste do Gerês.

Ainda fomos primeiro ao Miradouro da Junceda para o MCA e o clcortez a procurarem, enquanto os outros viam as vistas. Depois, foi a hora das decisões; quem vai, quem não vai. O MCA, e os companheiros do Norte estavam muito cansados e doridos do dia anterior - o MCA estava mesmo lesionado, uma vez que coxeava ao andar. Assim, Sagitário, Silvana, Drager e MCAa foram visitar caches onde não fosse preciso andar muito.

Nós os outros três, apesar de estarmos moidinhos com o Trilho do Borrageiro, percorrido no dia anterior, lá iniciámos o percurso em direcção ao primeiro ponto da 'Silhas dos Ursos, que condiz claramente com a descrição feita no log do Cachapim.

Seguimos para o 2º ponto, que já não condiz tanto e depois de calcular o ponto final, que não condiz nada, verificámos no Ozi que era hora de 'abandonar' as 'Silhas' e seguir para o Pé de Cabril, outro objectivo desta expedição ao Gerês, agora chamada de "Com (ponta)Pé no Coração", tal os esforço a que o obrigámos.

Tivemos que ameaçar o PH que o picávamos com os bastões se ele desistisse. E resultou! Fomos almoçar ao topo, eu, o clcortez e o PH.

O início foi lento porque o PH estava um bocado duvidoso de que conseguiria fazer o percurso todo e subir ao topo mas lá o fomos 'ameaçando', na brincadeira, que o picávamos com os bastões e adaptando o passo para não termos mais 'baixas' - Ele ainda refriu que ficava no 'Prados' a dormir e esperava por nós mas estas caminhadas têm mais valor se formos na companhia dos amigos todos e não andarmos a perdê-los pelo caminho. ;-)

Assim, passámos pelo prado "Prados" onde, um pouco antes tinhamos visto o crâneo e as hastes do caprino nr. 503 e uma casa abrigo que foi sendo uma constante em quase todos os prados que vimos neste fim de semana. Monte após vale após monte, lá chegámos à vista do imponente Pé de Cabril. Por esta altura, começou a ver-se algumas nuvens, afastadas umas das outras lá no alto do Céu...

A aproximação não ofereceu grandes dúvidas e pelo caminho fomos apreciando o Prado do Vidoal ao longe e no alto, a antena do Borrageiro (sem, no entanto, conseguirmos descortinar as baterias que estavam dentro da casa de antenas ).

Chegados à base do Pé de Cabril começamos a subir, eu e o PH pelo buraco e o Claudio um pouco mais por cima. Por esta altura, o Claudio diz-nos pelo PMR; "Manel, ouviste os trovões?" ao que respondi; "Ouvi. Cala-te!" Não queria nem pensar que a chuva nos viesse, de repente, estragar os planos... Mas não passou de ameaça e pouco depois juntámo-nos, já perto da bifurcação que dá para duas vias ferratas, para descansar, largar os bastões, apreciar os últimos obstáculos que nos aguardavam e começar a subida final para o topo.

Penso que a fizémos sem grandes dificuldades. Apenas umas ligeiras referências a 'medo das alturas' do PH a que não ligámos muito e as dificuldades mesmo só surgiram quando em uma ou outra passagem mais estreita em que vimos que era melhor tirar as mochilas das costas para as ultrapassarmos.

No topo aguardava-nos uma paisagem de encher a alma com 360º de prazer! Pela primeira vez conseguia-se ver claramente a Albufeira da Caniçada e a Albufeira de Vilarinho das Furnas de uma só vez (video )!

Um regalo. E que sorte que tivemos com o dia, as núvens iam altas e muito afastadas o que nos dava uma luminosidade óptima além da frescura do ar que nunca permitiu, nestes dois dias, que o calor fosse um obtáculo para além da dureza das caminhadas que fizémos!

Os motivos de fotografia, os penedos a 'conquistar', a ânsia de fazer o log imediato logo naquele momento eram tão grandes que já os meus colegas estavam a almoçar e com a cache aberta quando eu finalmente sosseguei e me juntei a eles para comer também a minha refeição e mais um bocado da bôla do PH. Ah! sim, pelo meio, encontrou-se a cache de forma organizada, um de cada vez, com o último a retirá-la do local. Nesta cache, ficou finalmente a geocoin que tinha apanhado na "Aqui hà gado!" e nos tinha acompanhado no dia anterior. O PH teve, também o prazer de encontrar lá uma outra geocoin que já lhe havia passado pela mãos hà uns tempos atrás. Ficaram lá as duas.

Acabada a refeição, e como não conseguia rede, completámos as nossas sessões fotográficas para registar aquele momento tão especial e, após ir dar um saltinho ao topo do penedo Sul e apreciar a quantidade enorme de formigas voadoras que andavam por ali e para as quais o Claudio me tinha chamado a atenção, começámos a descer o Pé de Cabril.

Chegados à sua base, enganámo-nos um bocado no caminho e andámos ainda um pouco 'ao mato' o que me levou a duvidar da máxima; 'Os melhores caminhos só se encontram no regresso'. Mas lá acabámos por dar com o trilho mais à frente e dirigimo-nos em direcção ao Trilho das Silhas dos Ursos para continuae essa outra cache. Foi mais ou menos por esta altura que o dia começou a ficar um bocado mais enevoado o que nos estragou as últimas fotos mas nada de importante para quem pensa voltar.

Retomámos, então, o percurso das 'Silhas' com o PH a fazer de Obélix. :-) A abordagem foi feita sem problemas e chegados ao local, apreciámos as vistas, logámos, trocámos prendas e começámos o regresso. Fiquei confuso por não ver por ali uma silha dos ursos. Foi este o único ponto menos positivo desta cache; o segundo ponto deixa-me dúvidas quanto à ligação com o tema, apesar da placa que lá tem, e o último, apesar da vista para a lagoa, não consigo mesmo ligá-lo ao tema. Quanto ao passeio e especialmente no regresso que fizémos, excelente! :-)

Continuando... Quando parecia que mais nada de especial iria acontecer no nosso fim de semana, super, hiper, mega agradável, eis que nos aparece um belo de um prado com nascente a brotar água fresquinha que muito bem nos soube, uma vez que já estávamos na altura do racionamento de água - áh pois é, meus amigos, o meu garrafão de 2L é grande e pesado mas dá muito jeito! . Como se não bastasse, logo a seguir aparece um vale todo ainda florido e depois entrámos na floresta que apresentava uma cerca para delimitar zona de caça associativa - ais os tirinhos... -, um filão de quartzito e, finalmente, o caminho final para regresso à Casa de Junceda.

Depois foi o regresso à Vila de Gerês para nos despedirmos dos colegas do Norte e 'pedirmos o MCA de volta' e tirar-mos uma foto de grupo para as nossas memórias futuras. Já no regresso a casa, ao passarmos por Póvoa de Lanhoso, e apesar de estar a chover, a espaços, de forma copiosa, o clcortez ainda nos convenceu a irmos visitar a 'Refúgio' onde eu fiz o papel de GPSr humano. Estava tudo com preguiça de ligar o GPSR ou meter o waypoint da cache. Então lá me coloquei num sítio e disse; "2m de erro horizontal e 4m de erro vertical". ;-) Na condução de volta a Lisboa, passei o volante a outro na AS Antuã e fui dormir lá para trás. Não sei de mais nada. :-) Dois dias depois, a máquina do Claudio apareceu-me entre os bancos traseiros, tão enfiada lá para baixo que ninguém a tinha visto e tinha-se dado como perdida. Afinal acabu tudo bem. O Claudio 'só' perdeu a oportunidade de tirar umas 200 fotos. ;-)
Gerês, voltaremos a encontrar-nos. :-)