terça-feira, setembro 01, 2009

Crise de valores ou de identidade

Durante a fase de preparação para o exame de acesso +23 ao Ensino Superior desenvolvi vários textos sobre valores, sociedade, cultura, globalização e mass media e que, por me parecerem interessantes, e assim terem sido valorados, os partilho aqui. Foi uma fase de estudo e reflexão que passei durante largas semanas e este foi o resultado. No mundo actual existe uma enorme diversidade de culturas desde as mais avançadas, tendo em consideração que cultura abarca sociedade, nível de avanço tecnológico e bem-estar social, como nos países nórdicos e os anglófonos, passando pelos países moderadamente avançados como os da periferia europeia até aos países menos desenvolvidos ou os mesmos atrasados em termos de desenvolvimento como alguns países do continente Africano. Esta enorme diversidade de culturas ou sociedades manifesta-se igualmente nas características dos seus povos e nos seus usos e costumes dando imagem própria de cada um mas no essencial estes diversos tipos de sociedade dão, julgo eu porque nunca tive contacto directo com elas, também uma imagem das características humanas dos seus povos através de traços e pormenores próprios: abertura e descontracção nas sociedades mais avançadas, tendências fechadas, possessivas e subjugação dos elementos familiares diversos em relação ao chefe de família, nas sociedades mais atrasadas. Apesar, obviamente, destas disparidades, todas estas culturas e sociedades devem ser respeitadas nas suas especificidades e a condição humana dos seus cidadãos deve ser defendida. Aliás, este sentimento de respeitabilidade das sociedades e culturas mais atrasadas assim como da condição humana dos seus cidadãos é, em norma, mais e melhor entendida nas sociedades ditas avançadas ou médias do que nas próprias sociedades atrasadas. Os exemplos são infelizmente inúmeros mas refiro apenas dois: - os gastos com o aniversários do presidente Mugabe em comparação com o estado de subnutrição dos presos de pequeno delito nas pensões do Zimbawbe (notícias na TV em 3/4/2009, no noticiário das 20h00). Chocante. - a exploração selvagem a que as crianças dp Congo são sujeitas para extraírem o minério usado no fabrico de equipamentos electrónicos actuais, fazendo do Congo o principal país exportador deste bem precioso e, consequentemente, daí tirando enormes dividendos à custa dos mineiros escravos. No campo da respeitabilidade das características e especificidades próprias de cada cultura ou povo, não se deve esquecer, contudo, que esse respeito não deve permitir que tudo se faça ao abrigo da defesa dos usos e costumes de cada povo. Por exemplo, não se deverá permitir a um árabe que maltrate uma mulher ocidental porque ela anda na rua com a cara destapada Vivemos num mundo que, contrariamente à sua forma redonda, é muito heterogéneo quanto a condições de vida e de oportunidades dos diferentes povos que o habitam, Os continentes da América do Sul, África e o Sudoeste Asiático parecem ser as áreas do planeta onde as dificuldades são maiores e as desigualdades também, É, também, nessas áreas do globo que vivem ou tentam sobreviver a maior parte dos habitantes do planeta. Em termos gerais ¾ da população mundial não tem acesso ao conhecimento básico, como o saber ler e escrever, e isso contribui em muito para o seu atraso no desenvolvimento social e nas suas condições de vida. Em face destas realidades que são a pobreza e a falta de cultura, as questões morais oi de carácter tendem a ser secundarizadas e, desse modo, os valores a serem esquecidos. Não há condições para questões morais ou culturais quando a batalha mais premente é a da sobrevivência. Nas sociedades mais avançadas e nas organizações de apoio humanitário tenta-se consciencializar os responsáveis a não deixar diluir os valores e as características próprias destes povos ancestrais que são riquíssimos em tradições. Tenta-se simultaneamente alimentar o corpo e dar-lhes condições para que o espírito das novas gerações seja também alimentado para que as culturas e tradições de povos com milhares de anos, como os descendentes dos Incas, dos Maias e, visto recentemente na TV (televisão), dos Irahucas no Peru, poderem retomar os seus hábitos e tradições culturais. É um desafio da humanidade actual, o atenuar das desigualdades entre os que têm tudo e, quiçá, são pobres de espírito, e os que pouco ou nada têm mas são, em grande parte, herdeiros de riquíssimas culturas. Nas sociedades actuais onde o advento da transmissão de conhecimentos e de informação é, cada vez mais, instantâneo, assiste-se à tendência para se considerar a educação como um processo que decorre ao longo da vida devido ao desenvolvimento das sociedades de informação e de conhecimento. Esta nova abordagem da educação e do conhecimento é muito importante porque permitirá o aparecimento de novas gerações mais cultas e preparadas para os novos ritmos da sociedade. O sonho ou projecto de existir uma aprendizagem ao longo de toda a vida para todos tem a ver com a intenção de que seja possível disponibilizar um modelo de educação avançado e completo, para todos as pessoas dos países e sociedades menos desenvolvidas. No campo dos valores, com o avanço das sociedades em direcção à sociedade de conhecimento de novos valores ou conjunto de valores que tendem a descaracterizar as culturas mais antigas e a “uniformizá-las” com outras culturas e povos distantes. Será normal ver-se, nos dias de hoje, um japonês e um americano ou um francês e, porque não dizê-lo, um português apreender os mesmos tiques e vícios das comunicações “sms” (short message system), com o telemóvel, quiçá da mesma marca e modelo. Por fim, em relação aos valores assiste-se ao efeito de criação e reinvenção de novos valores e necessidades para as sociedades actuais em detrimento da manutenção e defesa dos valores antigos. Por exemplo, assiste-se nas famílias actuais ao cada vez menor hábito de se tomarem as refeições em conjunto enquanto se fala e convive em família para, em oposição, se assistir a conviver com a televisão e com os “messengers” electrónicos (programas de computador que permitem diálogos interactivos, escritos, através da internet) para se comunicar com os amigos. Não é pouco frequente ouvir-se dois jovens acabarem uma conversa presencial, dizendo: “depois falamos na net!”. Outro efeito das sociedades de comunicação instantânea a que assistimos nos tempos actuais é ao esforço das gerações mais antigas em transmitir valores e conhecimentos aos mais novos e verificar-se que a receptividade e aprendizagem destes últimos é inferior ao que foi transmitido, perdendo-se assim, gradualmente, algo de valores e conhecimentos na transmissão entre gerações. A humanidade actual tem um enorme desafio a enfrentar, para além da subsistência, que é o da preservação dos seus valores morais e riqueza culturais, especialmente a dos povos em maiores dificuldades. O desafio que se coloca é o de fazer face à erosão da diversidade de línguas e culturas. Para além dos povos referidos no texto anterior, não nos podemos esquecer dos povos da América do Norte, os tradicionais Índios que foram popularizados pelos filmes de “cowboys” mas que, na realidade, ou porque foram aglutinados ou porque foram maltratados, já quase não existem como povos ou sociedades com cultura própria. Mas nem só dos povos antigos e culturas tradicionais as preocupações da humanidade se devem ocupar: não nos esqueçamos das pequenas comunidades, normalmente de regiões específicas e mais afastadas dos grandes centros. Estas comunidades detêm traços culturais e, em alguns casos, linguísticos, muito próprios que devem também ser preservados a par das ajudas para a sua subsistência. Apenas um exemplo em Portugal: as comunidades em redor de Mirandela e o seu dialecto local, o “mirandês”. Em resumo, é necessário cuidar dos valores culturais dos povos em maior dificuldade e com um PIB (Produto interno bruto) mais baixo, de modo a preservar a grande riqueza e variedade de culturas que a humanidade ainda detém. Perante todas as considerações anteriores, poderemos estar, e em certa medida estamos, perante o risco da perda de valores. Mas, com a rápida evolução da Sociedade do Conhecimento e com a rápida disseminação da informação “online”, que permite que as réplicas do recente terramoto na cidade Italiana, Átila, sejam seguidas em directo na televisão, também devemos encarar a realidade de que os valores se vão transformando ou mudando e que novos valores vão aparecendo. Assim, um grande desafio é o da escolha de valores em face à grande diversidade de situações novas que ocorrem nas sociedades. Por exemplo, será um valor a preservar a nova maneira de contacto, a linguagem tipo “sms” tão vulgar entre a juventude actual? Por outro lado será positivo as pessoas estarem cada vez mais a isolar-se e a perder o hábito do convívio pessoal da conversa oral em detrimento da conversa, dita digital? É esta escolha de valores emergentes que deve ser feita pela sociedade actual, especialmente as mais avançadas em termos de informação e comunicação. Para este efeito a troca de conhecimentos é importante para a preservação dos valores e características dos povos e comunidades mais pequenas e sujeitas a influências externas. Os meios de registos actualmente disponíveis como por exemplo os registos audiovisuais e registos informáticos podem ser um precioso auxiliar na preservação desses valores morais e culturais e sua difusão e divulgação através dos mass media (meios de comunicação de massa). Os mass media ou os meios de comunicação de massa são assim designados porque se destinam a uma vasto número de receptores das mensagens ou comunicação que veiculam. Em oposição à comunicação individual ou directa que está presente ao diálogo directo ou por intermédio do telefone, os mass media têm um emissor, normalmente uma equipa de profissionais, e muitos receptores que podem chegar aos milhões. Os mass media mais conhecidos são: a rádio, a televisão, os jornais e revistas e os livros. Ultimamente, nas duas últimas décadas, apareceu um novo veículo de comunicação que incorpora algumas das características dos anteriores meios de comunicação de massa, a internet. Os métodos de difusão da informação são, na generalidade, a escrita nos jornais revistas e livros, a voz na rádio e a imagem e voz na televisão. A informação difundida pelos mass media pode ter duas grandes divisões: a notícia, mera informação, e a cultura se for desenvolvida e aprofundada quanto ao tema. Os mass media, além do papel importante que têm na difusão da informação e cultura, podem também ter outros papéis como o entretenimento e a influência sobre o público a que se destinam. Essa influência pode ser de carácter positivo, como por exemplo, educar as pessoas para correctos hábitos de cidadania ou pode ser de alienação das consciências colectivas levando o público a viver realidades que não são as suas e, assim, a esquecerem-se dos seus reais problemas ou a serem levados a consumir produtos de que realmente não precisam. Os mass media, porque dependem de audiências para sobreviverem tendem a canalizar a atenção dos seus públicos para os “produtos” que lhes dão mais rentabilidade. Assim, sendo um mal necessário e indispensável na sociedade actual, devem ser regulados e vigiados por entidades competentes para tal: os diversos Provedores dos consumidores. Os mass media são um dos principais facilitadores da globalização. A globalização caracteriza-se pela partilha, entre todos ou a maior parte dos países, do conhecimento, mercados, culturas, língua, informação, medos, preconceitos, paixões, etc… e, assim, a globalização, quanto à transmissão e difusão de valores, funciona ao mesmo tempo como um elemento facilitador (porque ajuda) da difusão e um elemento transmissor de influências externas que “contaminam” os valores locais. A pluralidade de valores e culturas representa o grande número que existe de povos, regiões e respectivas especificidades próprias a que se chama de “cultura” e derivando dos hábitos, costumes e crenças dos povos, resultam ou desenvolvem-se os chamados valores morais ou éticos de cada povo ou população com laços próprios. A crise de valores que se apregoa tem a ver com o efeito que a globalização provoca na difusão, disseminação e proliferação de valores provocando a que a sua mistura e dificultando a correcta identificação, por parte do indivíduo, dos valores que deve assumir e manter como seus. Esta crise de valores, acaba por se concretizar numa crise de identidade dos valores de cada um e um “aplanar” desses mesmos valores. Resultando dessa dificuldade de identificação dos valores e da sua manutenção, acaba por se assistir ao aparecimento da co-habitação de valores que poderão ser considerados contraditórios entre si e, assim, contribuir para a tal crise de valores que é, conclui-se, uma crise de identidade de valores.

domingo, agosto 23, 2009

A gosto de caminhadas e mato

Mas eu lá sei fazer outra coisa?

Comecei o mês com uma caminhada valente na Serra de Aire. Cache 'Travessia do Javali'. Esperava uma caminhada difícil mas não tanto. O problema principal, para mim, é a constante procura de local de passagem pelo meio da vegetação mediterrânica e dos lapiáses escondidos debaixo dela.

Depois, continuei a 'provar' mato na 'Vale da Lapa'. Chegou a ser deseperante tanto mato onde me vi metido. Isso não estragou o prazer da cache mas era desnecessário se houvesse mais informação -deixei nota. 

Embora tenha visitado outras caches pelo meio, continuei com a 'A Caverna'. Uma cache muito interessante, que abordei com o, para mim, espírito correcto, mas a que não consegui resistir à tendência de 'provar' o mato. O relato em dois actos; Um e dois.

Finalmente, a caminhada que estava pensada desde 2007! Não deste modo mas a ideia foi evoluindo e acabou numa óptima realização, na Serra da Estrela. Rota dos Cântaros e umas migalhas at EveryTrail

Map created by EveryTrail: Geotagging Community Mapa/percurso interactivo. Um percurso circular, começado e acabado no Covão da Ametade, onde deixámos o carro, e  continuado pelas caches; "Vale da Candeeira", "Cântaro Gordo", com filme, ("Covão Cimeiro" - aguardamos 'ok'), "Cântaro Magro", com filme, "Cantaro Raso", descida a corta-mato até ao Poio do Judeu, "Poio do Judeu", "Vale do Zêzere" e regresso ao carro, com enchimento da bexiga na Fonte da Jonja onde quase ia tomando banho tal o estado de desidratação em que já estava. Neste percurso, o mato foi 'provado', especialmente no Poio do Judeu e após a "Vale do Zêzere".

Durante um mês não quero mais mato. ;-)

quarta-feira, julho 15, 2009

Gerês Julho2009 - caminhadas e aventura

Dia 11/7/2009

'Caminhada solitária'

Há muito que gostava de fazer algo assim. A culpa é do 'almeidara' que andou no seu 'Tour insanidade' o ano passado e deixou-me cheio de inveja. Então, há umas semanas atrás, em conversa com um geocacher do Norte, surgiu a decisão: vou fazer um caçada de dia inteiro, sózinho no Gerês. Para pôr as ideias em ordem e arrumar as emoções. Estar em paz de espírito comigo mesmo.

O objectivo era começar na Cascata do Arado e seguir para 'My blue Lagoon', 'Rocalva', os dois pontos da 'Heart of Darkness', alto do Borrageiro, 'Prado do Vidoal', Portela de Leonte e, estrada abaixo até Vila do Gerês. Objectivo completamente conseguido.

Tinha obtido, previamente, licença junto do ICNB para fazer a caminhada em sossego, sem stress ou risco de ser multado ou, vá lá, sem o receio constante de encontrar um guarda florestal ou vigilante e passar por situações complicadas que de um passado. 

Comecei por pedir taxi para me levar à Cascata do Arado - o carro ficou de 'férias' de mim.

Em todas as caches deixei um carrinho para crianças e textos de Torga para adultos (ou será o contrário?) Assim, as crianças descobrem o encanto da procura de um 'tesouro' e os adultos redescobrem o encanto do Gerês, através das palavras de um dos contadores de histórias sobre o mesmo.

Depois, segui para a 'My Blue Lagoon' e fui 4 vezes à água. E era de manhã. 

Foi assim;

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Chegado ao local, armei-me em Tarzan, tirei a roupa - já tinha os calçoes de banho vestidos - e lancei-me à água. Fui directo a um local e, sem óculos nem luz, não vi nada. Voltei para buscar os óculos e lanterna. Voltei ao mesmo local mas agora vi muitas teias de aranha e pensei; "se hà tanta teia de aranha é porque não andaram por aqui geocachers". Depois fui procurar noutro local e .... ..... ..... até que encontrei a cache pelas 11h30. Como queria logar nas calmas e escrever algo com conteúdo, trocar prendas, tirar fotos, etc.... levei a cache para o local base - a laje onde tinha estendido a toalha de ...rio. Depois fui outra vez ao banho para recolocar a cache. Não satisfeito, peguei no tripé e na máquina e fiz um filmezito (tem som) de como se deve apreciar esta cache, na minha opinião. 

No total, fui 4 vezes à água. :-) No final, ainda estive um pouco a secar ao sol antes de trocar ...os calções pelas cuecas - momento de alguma tensão, não fosse aparecer alguém mesmo na "Hora Coca-Cola" Zero.  Estive no local cerca de uma hora e entre banhos, leitura de logs, secagem ao sol, usufruto da paz e calma do local e mudança de roupa à pressa.... só posso dizer que é uma cache que fica na memória pelos melhores motivos. "

Depois, começou a caminhada a sério. Montanha acima até a Rocalva. É ver o perfil de terreno. :-)

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A caminhada desde a 'My Blue Lagoon' foi interessante e exigente. Gostei especialmente de percorrer o vale da Carvalhosa no meio de tal silêncio e paz em comunhão com a Natureza, gostei do miradouro da Cabana Pradolã e de ter avistado a Rocalva ao longe pela primeira vez ao atravessar um campo de fetos daqueles que me lembram o 'Jurassic Park', quando os velociraptores aparecem - ainda olhei para trás algumas vezes.   A passagem a Oeste, onde se vê o Rio Fafião e a Varanda das Sombrosas (cuja cache já visitei), também foi um momento especial. Estar ali, sózinho, naquele percurso todo, sentir o peso e imponência que me rodeava... é uma sensação óptima.

Eu gosto de caminhadas em conjunto. Quem já me acompanhou sabe disso. Mas também gosto de, de vez enquando, ter estes momentos pessoais. O que se perde em convívio ganha-se em paz de espírito e desfrute da Natureza.

Depois, segui para o topo da Roca Negra, enquanto apreciava uma manada que pastava no prado da Rocalva e um cão me avisava, ao longe, para eu não me aproximar dessa manada. Tudo bem! ;-) "

Na Roca Negra:

"Vindo da 'Rocalva', virei a Sudoeste e fui ao topo da Roca Negra e depois ao ponto inicial desta cache e ao alto do Borrageiro. A caminhada já ia longa mas hà caches que nos deixam vontade de voltar. Esta é uma delas, sem dúvida. E como todos os pormenores tais como o ir ao ponto mais alto do Borrageiro.   Depois, foi começar a dar cabo dos joelhos e descer ao Prado do Vidoal, a geira romana até à Portela de Leonte e caminhar a estrada asfaltada até à Vila do Gerês. Quem corre por gosto... "

Dia 13/7/2009

A grande aventura geotauromáquica. :-)

E a maior aventura estava guardada para o dia extra no Gerês.

Apesar da grande caminhada no dia 11, ainda não estava satisfeito. Então, vi esta cache ...e que bela cache a julgar pela descrição e pela análise do percurso no Ozi!  Ainda estive para vir no dia 12 à tarde mas uma dificuldade de comunicação e o acabar tarde o almoço fizeram-me desistir e ficar no Gerês mais um dia. Excelente decisão. Demorei, desde que saí da Vila do Gerês até que voltei, 9 horas. Demorei, só na parte de caminhada, 5 horas. Mas não se assustem porque eu sou lento. Vejo os passarinhos, as nuvens, os montes, os bois (e eles a mim!). Enfim, desfruto as caches calmamente. Calmamente?! Já se verá mais adiante.  Cheguei ao local proposto para estacionamento pelas 08h20, onde deixei o carro, e comecei a caminhar. Dois ou três quilómetros adiante tirei o casaco polar. Mais um quilómetro, tirei a polo e fiquei em tronco nú o resto da caminhada. É que eu, quando caminho na montanha sózinho, tenho um problema com a roupa. Depois (agora) fico todo vermelho com umas tiras brancas nos ombros. Verry fashion.   Chegado lá acima, junto do ponto inicial, ia-me dando um chilique: tinha que subir a um cabeço que parecia o Gigante de Adamastor! Ok, bamos lá! No ponto inicial, ia tendo outro chilique; a chave não estava lá como era suposto... até que li uma nota deixada que indicava que a cache final estaria aberta... Bom, estivesse ou não, iria até ao fim e se não conseguisse abrir a cache e escrever no logbook, faria 'Note' em vez de 'Found'. Para mim, o que interessa são as aventuras e as caminhadas. Não a contagem de founds. E que aventura me esperava! Chegado à zona do ponto final, ia distraído a observar a paisagem e a pequena manada de gado bovino (manada Sul) que por ali estava a pastar - Ia com um olho na paisagem e outro nos bois... Até que chego a um promontório rochoso e após reparar numas ruínas de casa-abrigo a pedirem para serem fotografadas, reparo que a cache já tinha ficado 280m para trás e à direita... Bem, vamos lá tirar as fotos às ruínas e depois vou à cache. Fotos tiradas, subo novamente ao promontório e tiro mais umas fotos, agora à nova casa-abrigo, um pouco mais a Norte. Começo a ouvir o mugir algo inquientante de um touro ainda jovem mas perto de mais e a aproximar-se cada vez mais. Começo a observar, espantado, que o touro estava mesmo a dirigir-se-me e a olhar para mim. 'Tu queres ver...' Após alguns segundos, começo a dizer-lhe que só estou ali pelo 'Found'... mas ele olhava para mim e mugia para os outros que estavam à distância. Parecia que estava a chamá-los...  Depois afastou-se e foi ter com eles. Fiquei mais descansado até que, me apercebi  que o touro castanho foi mas é buscar reforços e que agora vinha lá a manada toda (manada Norte), com um touro branco, grande, à frente. Xiça! E eu que ando a controlar o colesterol! Aquilo é carne a mais para mim! Ainda por cima com ossos e tudo! Ála!  Meti a máquina na mochila, às costas (erro....) e fui correndo pela estrada por onde tinha vindo e escondendo-me nos arbustos para controlar a posição da manada Norte e a da manada Sul. Ou seja, eu estava entre duas pequenas manadas de cerca de uma dezena de cabeças de gado cada. Muita carne para mim, realmente! Mas não era só. Eu queria encontrar a cache e, se a chave estivesse mesmo lá, levá-la para o ponto inicial como é vontade da owner. Então, tinha que atravessar um prado em direcção a Este onde estava um boi grande e a caminhar calmamante para Norte mas a mugir em resposta ao chamamento da manada Norte. Parecia mesmo que estavam a dialogar; "Epah, viste por aí um geocacher em trajes menores? Esse desgraçado veio para aqui mostrar-se às nossas vacas!...".  O erro de ter guardado a máquina na mochila, é que não filmei a minha travessia do prado, com o touro grande (quer dizer, eu penso que é touro mas não fui lá espreitar....), à minha esquerda e a manada Sul à minha direita. E eu a correr pelas clareira e a esconder-me nos arbustos para verificar a situação. Até que cheguei ao sopé do monte onde está a cache e comecei a subir a correr. Não é que o gado não vá lá mas ali talvez eu seja um pouco mais rápido do que eles ...enquanto tivesse fôlego. Ou então escondia-me dentro da cache ...se encontrasse a chave.  Bom, é tempo de fazer o novo filme e, depois descansar um pouco e procurar a cache. A chave estava mesmo na fechadura... Loguei, deixei prenda (que pena terem-me acabado os textos de Torga...) e arrumei tudo.  Quando me preparava para ir embora, evitando os prados onde estava a manada Sul, reparo que o touro grande que estava no prado que eu tinha atravessado, vinha lá novamente. Pouco depois, vou embora, pela encosta Este do monte onde está a cache, de modo a não ser detectado pelas manadas. Terreno 3,5 mas era melhor assim do que ser 'toureado' por elas.  Regresso ao ponto inicial desta multi-cache e guardo a chave no seu local próprio, a cache inicial. Com tanta aventura, esquecia-me de observar a Natureza? Claro que não. Beleza, sem dúvida. Só fiquei estranho que a Roca Alta fosse aquele 'montinho de pedras' ao pé da cache e não o verdadeiro afloramento granítico que está a Noroeste da zona.

domingo, junho 07, 2009

Momentos

Hoje acordei com insónias. Bem, para dizer a verdade, há 3 noites que acordo pelas 4 e não durmo mais. Mas não é isso que me trouxe aqui.

Quando eu era moço, antes e após a tropa, um dos momentos do dia de que mais gostava era chegar a casa e, após o lanche, fechar-me no quarto às escuras, colocar um LPs dos Pink Floyd no gira-discos e sentar-me no velho cadeirão de madeira com os olhos fechados.

Cheguei a ter os LPs deles todos. 

Hoje lembrei-me de reviver esses momentos de hà quase 30 anos atrás.

Só abri os olhos para vir postar aqui.

Acabei de ouvir "When The Tigers Broke Free" (porque é que esta não dura 10 minutos?) e estou  a ouvir "Turning Away".

Daqui a pouco vou para Sintra cachar com amigos.

Com um nó na garganta.

sexta-feira, maio 29, 2009

A surpresa

- Cláudio, vamos fazer uma surpresa àqueles gajos e aparecer no Pocinho à espera deles?

- Por acaso já me tinha lembrado disso...

Prontos, não era preciso dizer mais nada...  nós os dois entendemo-nos bem.

Era só uma questão de obter as necessárias autorizações das nossa mulheres e preparar as mochilas e uns saco-camas para irmos por aí fora os dois, novamente. 

E foi giro.

Começou por andar a ajudar o Cláudio a carregar umas hortaliças da horta do Pai dele, aí por volta das 2h00, e depois "entrarmos" com o vsergio, através de um telefonema do Cláudio, onde ele fingia que estava para se deitar e tentava só saber os planos de viagem e garantir que o grupo não fazia uma viagem a mais entre o Pocinho e Barca d'Alva. Tudo isto conosco junto ao carro e preparados para sair.

Nós estávamos a cerca de 2 kms da casa do Bruno, ali ao lado do "contentor laranja", onde o grupo se juntava para partir o que deve ter feito mais ou menos à mesma hora que nós.

Pela caminho, na AE, ainda pensámos que seríamos "descobertos" em alguma Área de Serviço onde parámos mas tal não aconteceu. E às 6h59 estavávamos a desligar o motor do carro, no Pocinho. Arrumámo-lo de modo a não ser facilmente descoberto.

Depois foi esperar pelo grupo e ir enviando umas smss, ora a um, ora a outro, para tentar saber onde eles estavam, sem revelar onde nós estávamos. "Castelo Rodrigo found! :-)" diz-me uma sms do MCA. "Fixe! Bom passeio" respondo eu, do Pocinho enquanto desesperava à espera deles, dando a entender que estava em Lisboa, mas andava a passear na ponte da linha abandonada do Sabor.

Depois lá apareceu a Silvana que nos descobriu quando estávamos  a fazer os últimos preparativos das mochilas e, após cumprimentos e de saber que o grosso do grupo já estava em Barca d'Alva, fomos andando para a locomotiva onde esperaríamos por eles para os surpreender quando estivessem a ler os primeiros dados.

Pelo meio, houve fotos e espera da grande mas valeu a pena para ver a surpresa do grupo de Lisboa ao ver-nos aparecer de dentro da locomitiva. 

Houve muito momentos deliciosos, muita galhofa, entre-ajuda e vários episódios dignos de registo mas os logs são de quem visitou as caches. Só refiro um em particular e que deu nome à expedição; ao fim de várias horas de caminhada, com cerca de 2/3 da distância total percorrida e após logar-se e arrumar-se a cache no local,  o Bruno exclama - Só isto?!

Foi a gargalhada geral!

O resto do relato da expedição  fica para os visitantes às nossas duas caches, através dos logs que fizerem na "Na Linha do Douro" e "La Rúta de los Túneles". 

Por agora aqui fica a minha reportagem fotográfica.

É pena a vida não poder ter mais e mais momentos destes. :-)